O anjo(a)

O olhar de experiência e disciplina era concreto. Transparecia um ar de autoridade. No entanto, ao mesmo tempo havia, no fundo daquele olhar, uma alma linda e um toque de vida leve. Ela estava ali todos os dias para preparar o altar, receber os fiéis e também para garantir que a santa missa fosse executada sem imperfeições. E descrevendo no literal sentido da palavra: religiosamente, lá estava ela, sempre dez minutos antes celebração, abordando sutilmente os mais jovens: “Faz leitura?”. Num primeiro momento, as pessoas assustavam-se e não entendiam exatamente o que ela precisava. Mas depois aceitavam a proposta com um sorriso no rosto e todos cumpriam a missão de maneira impecável. Afinal a responsabilidade de subir lá era “altíssima”. Ela, o anjo, nem imaginava a felicidade que inundava a humilde alma daquele ser que aparecia mais cedo justamente com o objetivo de ouvir a proposta, em que sua execução trazia uma limpeza interior e um alívio animado durante os poucos minutos. Aquela figura angelical cativava a todos com uma mistura paradoxal de doçura e disciplina, como uma verdadeira vozinha que queremos todos os dias em nossas vidas. A alma aflita, então, ganhava os dias e saia da celebração com um imenso sorriso.

Ubirani
Enviado por Ubirani em 08/11/2016
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