Neblina

Sinto necessidade de retratar o que vejo. Porque, afinal, passei, passei e passei e nada foi deixado. Fui visto como um rastro de outro mundo que visita paisagens que quando possível eclipsam seu olhar.

O que tenho a ganhar? O que tenho a perder?

Nada se resume. Nada se contempla.

Quando me recorri aos meus velhos mundos eles nada tinham a me ofertar. Passei por eles, mas não eram mais meus.

Esqueletos, eis o que eram. Restos de um passado que não vai retornar. Minhas mãos vazias de sentimentos exigiam a retribuição, mas não havia. Haver, ser, tudo isso nada importa mais. O vazio nos olhares alheios me contaminou e nada me toca mais e, claro, nada posso tocar.

Quando lerdes terá essa ilusão, és uma alma vagante quem vos fala. Mas não.

Minha alma esvaziou-se a muito. Agora uma forma etérea ocupa seu lugar rastejando pelos limos, habitando a neblina, percorrendo cada canto agonizante por um mínimo sinal de emoção. Esvaziou-se e agora a história perpassa lenta...

Como deveria ser.

Lucas Viana
Enviado por Lucas Viana em 08/11/2016
Código do texto: T5816737
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