Mensagens que edificam - 254

"Boçal ou Colossal?"

Quase imprevisível, se não fosse perceptível que por trás de tanta promessa, bastante conversa. Conversa pra boi dormir, e sonhar com vaca louca. Prosa pra mais de metro, se um dedo fosse suficiente pra revelar todo segredo. Antes tarde do que nunca, se me sobrasse um olho na nuca. Como eu só posso ver o que está a frente, às vezes é preciso encorajar, pra não dizer "encorujar" e flexionar todo o pescoço. Dormindo com o inimigo não seria apenas o nome do filme, se aquele que me protege não fosse o que se enfurece e passa o rodo. Não matar é um imperativo verbal pra ser conjugado no tempo mais atemporal possível, e longe de um homicídio, um jeito meigo de tirar da reta o seu próprio orifício e transferir o dolo para quem já sentiu no primeiro relacionamento afetivo a inconveniência dos ossos do ofício. Salve Eva! Que de osso virou picanha, e promoveu o primeiro pão de sal, pra quem estava comendo maçã, uma evolução gastronômica no cardápio pra lá de natureba. Plantar, colher, comer, se espetar em espinhos, e acreditar que num jardim onde as rosas ainda não arranhavam, só o perfume não foi suficiente para sufocar a curiosidade. Muro, portão, querubins, espadas flamejantes em punho, a criatura querida agora é réu neste conto de devaneios desmedidos. Comedido, nem o escriba que não poupou eufemismo, todavia sem efeito. Se o fedor já era insuportável às narinas do onipotente, seu nariz divinal não escapou à hipérbole da retórica nem um pouco amena. O homem peidou na farofa, e pra consertar tudo, um sumiço coletivo, que não sobrasse nem um adjetivo pra classificar sua grandeza e sua capacidade de destruir castelos de areia. Morrer na praia é bem mais antigo do que se afogar na orla de um balneário. Arrepender-se? Talvez seja a maior das lições, quando a habilidade em fazer merda passa pela confecção de bonecos de barro e termina em carnificina com direito a voo rasante de aves de rapina. Também antes que fosse símbolo dos correios, uma singela pomba traz em seu bico vestígio de erva. Floresceu! Já não ficaremos em eterna deriva num cruzeiro nem um pouco colossal. Boçal? É só aproveitar a letra, dá um samba enredo de carnaval.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 05/11/2016
Reeditado em 07/11/2016
Código do texto: T5813633
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