O registro do amor

Naquela sexta-feira à tarde, com sol raso e uma tranquilidade incomum Tanise sentou-se na varanda e pensou nos seus 4 últimos anos. Como foram diferentes de todos os anteriores. Quantas mudanças, quantas surpresas, quantas perdas ... mas, em contrapartida, quanto amor.

Daví entrou na sua vida no momento certo, dois anos após a decepção que jogou aos ares o seu casamento anterior com Ronaldo. Entrou de mansinho, mas com jeito de ficar para sempre.

Nesse período já demonstrou tantas vezes o seu estilo calmo, a sua bondade e o seu grande amor que Tanise não tem mais dúvidas de que passarão o resto das suas vidas juntos. São companheiros, amigos, amantes.

E foi pensando em tudo que ela deu-se conta de que nunca havia deixado claro prá ele o quanto o amava, o quanto o queria e o quanto era grata por tudo.

Poderia ligar, escrever um bilhete, fazer um vídeo, escrever um “I love you” com baton no espelho do banheiro ... mas, no momento, pensou nas cartas de amor, nas velhas cartas de amor que chegavam com perfume e eram guardadas em caixas especiais, geralmente escondidas no fundo do guarda-roupas.

Pegou uma folha branca e começou a escrever absolutamente tudo o que sentia, sem verificar ortografia ou qualquer outro detalhe.

Escorreu em palavras. Assinou a carta, colocou-a dentro de um envelope, endereçou-o para o seu próprio endereço e rumou ao Correio mais próximo.

Out.2016

(publicada na obra PROSA NA VARANDA 4 - lançada em 25/07/2017)

Rosalva
Enviado por Rosalva em 04/11/2016
Reeditado em 10/08/2017
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