O Palco
Preâmbulo:
A cidade é um palco onde se desenrola diversas dramaturgias: cenas de dramas e comédias, tramas e enredos.
Saiu-se à rua. Percebeu-se a mudança da cidade. A cidade é a sociedade e estas são as pessoas, os agentes desta transformação toda.
Primeiro Ato:
O cair da noite estava refrescante após dias de calor sufocante. Da casa saia o jovem casal seguido de uma provável avó. Nos braços uma criatura embrulhada em cueiro de bebê. Pensou-se: coitado deve estar febril: os pais e avó o carregam no colo cheio de mimos e chamego! Ao passar pelo conjunto constatou-se que o quarto elemento não era uma criança, era um cãozinho magricela.
Coisas da pós-modernidade! É mais fácil criar um animal humanizado que uma criança imperiosa dos dias de hoje.
Segundo Ato:
Chegou-se ao centro da cidade. Se antes alunos das escolas militares e estudantes dos estabelecimentos educacionais paqueravam “moças de família”, como se dizia à época, que faziam avenida – espaço exclusivo – agora toda sorte de adolescente ali perambulava – espaço inclusivo.
O andar destes coadjuvantes neste espaço agora tão democrático era embalado por um carro com o som no maior volume que seguia lentamente. Dentro iam seus ocupantes empilhados “curtindo” o seu funk.
Na praça pública um grupo de jovens adultos perfilados aguardava a revista de policiais. Mais à frente uma multidão desorganizada gritava: “Olhe a briga! Olhe a briga!”. Todos pararam para ver a cena de gladiadores e seu espetáculo violento.
Vencida pela aproximação de guardas municipais a multidão se dispersou.
Terceiro Ato:
Retornando para a casa na via do bairro caminhava um “Quasímodo” apressado. A pressa era tanta que ele desengonçado passou por entre um grupo que conversava na calçada. Alguém, após aquela passagem brusca, queixou-se: “Aleijado e bêbado!”
Aquele figurante trotava, confirmou-se assim, não só pela sua deficiência física, mas também por estar alcoolizado. Na mão carregava um arranjo floral de mesa composto por uma única flor – ser solitário do romantismo literário nestes tempos de frissons da pós-modernidade.
Poslúdio:
Neste palco os espetáculos não param. Muda-se a peça conforme as horas do dia e segundo o desenrolar das décadas.
Se antes a cidade era tão elitista, agora ela se tornou palco não só mais para glamorosas companhias teatrais. Trupes assumiram o centro e as grandes óperas se contiveram nos arredores com seus bichinhos de estimação à moda de crianças doentes.
Preâmbulo:
A cidade é um palco onde se desenrola diversas dramaturgias: cenas de dramas e comédias, tramas e enredos.
Saiu-se à rua. Percebeu-se a mudança da cidade. A cidade é a sociedade e estas são as pessoas, os agentes desta transformação toda.
Primeiro Ato:
O cair da noite estava refrescante após dias de calor sufocante. Da casa saia o jovem casal seguido de uma provável avó. Nos braços uma criatura embrulhada em cueiro de bebê. Pensou-se: coitado deve estar febril: os pais e avó o carregam no colo cheio de mimos e chamego! Ao passar pelo conjunto constatou-se que o quarto elemento não era uma criança, era um cãozinho magricela.
Coisas da pós-modernidade! É mais fácil criar um animal humanizado que uma criança imperiosa dos dias de hoje.
Segundo Ato:
Chegou-se ao centro da cidade. Se antes alunos das escolas militares e estudantes dos estabelecimentos educacionais paqueravam “moças de família”, como se dizia à época, que faziam avenida – espaço exclusivo – agora toda sorte de adolescente ali perambulava – espaço inclusivo.
O andar destes coadjuvantes neste espaço agora tão democrático era embalado por um carro com o som no maior volume que seguia lentamente. Dentro iam seus ocupantes empilhados “curtindo” o seu funk.
Na praça pública um grupo de jovens adultos perfilados aguardava a revista de policiais. Mais à frente uma multidão desorganizada gritava: “Olhe a briga! Olhe a briga!”. Todos pararam para ver a cena de gladiadores e seu espetáculo violento.
Vencida pela aproximação de guardas municipais a multidão se dispersou.
Terceiro Ato:
Retornando para a casa na via do bairro caminhava um “Quasímodo” apressado. A pressa era tanta que ele desengonçado passou por entre um grupo que conversava na calçada. Alguém, após aquela passagem brusca, queixou-se: “Aleijado e bêbado!”
Aquele figurante trotava, confirmou-se assim, não só pela sua deficiência física, mas também por estar alcoolizado. Na mão carregava um arranjo floral de mesa composto por uma única flor – ser solitário do romantismo literário nestes tempos de frissons da pós-modernidade.
Poslúdio:
Neste palco os espetáculos não param. Muda-se a peça conforme as horas do dia e segundo o desenrolar das décadas.
Se antes a cidade era tão elitista, agora ela se tornou palco não só mais para glamorosas companhias teatrais. Trupes assumiram o centro e as grandes óperas se contiveram nos arredores com seus bichinhos de estimação à moda de crianças doentes.
Leonardo Lisbôa,
Barbacena, 26/01/2015.
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