Dom Hélder e a mesmice

Um dos males da vida é nos acostumarmos com a mesmice, a vida mecânica, repetitiva, tediosa, sem ousar dar uma sacejada nela, enxergá-la sobre outro prisma, tentar reinventá-la. Quando penso nisso recordo e releio uma crônica de Dom Hélder Câmara, vou transcrever um trecho dela:

"Graça maravilhosa é a de vencer a rotina e fazer tudo como se fosse a primeira vez.

"Ver todos os dias o mesmo rosto, ouvir as mesmas vozes, circular nas mesmas salas, contemplar as mesmas paisagens é correr o risco de adoecer de mesmice (o mesmo, sempre o mesmo; a mesma - Se Deus não ajudar - dá em mesmice).

Peçamos a Deus olhos de criança! Procuremos ver todos e ver tudo pela primeira vez. Pensando bem, tudo é novo a cada manhã. Nós próprios somos o que éramos ontem mais a experiência que ontem adquirimos e afeitos ás surpresas que o dia de hoje vai apresentar...

O mesmo acontece com todos e tudo em volta de nós... A luz que desce do alto, hoje, não é a que ontem nos banhou com seus raios. O vento que passa por nós, trazendo-nos frescor, assanhando-nos o cabelo, é o irmão do vento de ontem, mas não é o mesmo de ontem.

Divirtam-se em descobrir os aspectos novos de tudo o que parece sem mudança...

Alegrem-se descobrindo como a Criação de Deus, com a colaboração do Homem, recomeça cada dia, é nova cada manhã, renasce cada madrugada".

Ele tinha - e tem - razão. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 04/11/2016
Código do texto: T5812758
Classificação de conteúdo: seguro