Mente

E dentro dele havia caos. Lá fora na vida, tudo era intranquilidade. Passava os dias a controlar seu coração, orando por sua paz, botando seus demônios para descansar. Não havia quietude dentro de seu ser e, todos que o viam, só olhavam-lhe uma pequena parcela de si, pois sua caverna, sua mente, mesmo afiada e temente, era solitária e escura. Fala consigo. Brigava consigo. Esperava entrar em paz consigo e, na maioria das vezes não conseguia. Era feliz? Claro que era, pois tinha muito, mas muito era nada perto do que ele queria. E o que era? Nem mesmo ele sabia. Sua mente era como Quatro paredes de Sartre, várias faces de si, discutindo, dialogando, descobrindo pecados, ouvindo escusas... Só não há criado, nem Garcín, nem Estelle, nem Inês. Apenas ele, multifacetado, sentado nas três poltronas, mãos na cabeça pensando sobre a eternidade...

Dom Torres
Enviado por Dom Torres em 03/11/2016
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