CARTA ABERTA AO MEU AMIGO
*Educadora Cris Souza
Aproveitando a onda das cartas abertas.
Aracaju, 02 de novembro de 2016.
Querido Amigo, venho através destas mal traçadas linhas, dar as minhas noticias e, ao mesmo tempo, colher as suas. A princípio gostaria de saber como vai você. Sabe? Eu, realmente me importo com sua saúde. Portanto, não interprete mal minhas perguntas. É que infelizmente, no meu país o sistema de saúde não funciona e, ficar doente por aqui é uma péssima escolha, parece até, ser muito mais atraente morrer logo, de primeira. Pois, ficar perambulando em busca de ajuda nos nossos nosocômios chega a ser uma péssima ideia.
Também, gostaria de saber como é a educação por aí, a escola publica funciona? A educação daqui, querido Amigo, é nota zero, também! Tudo aqui é ditado de cima para baixo, empurrada goela abaixo, sabe? Vem de cima, de pessoas que nunca pisou o chão de uma escola pública. Não entendem “nadica” de nada do que vem a ser ensinar nas escolas daqui. A coisa tá feia, sabia? Só quem tem direito é o aluno. O professor tem quem ensinar a quem quer e a quem não quer aprender e, o pior! Não pode reprovar. Então, entram naquela paranoia: um finge que ensina, o outro finge que aprende e, mais um analfabeto funcional esta se formando. É, meu amigo, por determinação da norma a roda maior está rodando dentro da menor, veja se pode uma bagunça dessas!?
Mas, o professor é obrigado a agir assim, senão, os arautos da certeza, aqueles aquartelados nos palácios de Brasília que administram e determinam, por normas e decretos, o que e o como deve ser ensinado.
Quem menos conhece de escola, lidera as transformações. Estão seguros de que, desta forma, salvarão a Pátria. Acredita? Não? Nem eu.
Mas, prosseguindo, responda-me: Consegue ler livros bons, de grandes autores? Eu não consigo. O preço é altíssimo, me viro com os sebos e as poucas bibliotecas públicas, que ainda existem por aqui. Raras, mas dão conta do recado. Estamos vivendo um tempo terrível, meu amigo, já li a respeito de nações que se esboroaram, por fazer o que ora acontece aqui, sabia? Dá para acreditar num sistema, onde o “panis et circenses” é prioridade absoluta em detrimento do trabalho, do comprometimento, do estudo e da escola? Aqui, somos forçados a conviver com a desídia administrativa e a incúria da corrupção deslavada. Onde os agentes e gestores locupletam-se com o erário publico como se donos fossem. Dá para entender um povo que confunde o “eu quero”, com “eu posso?” Que se atrapalham em definir: “direito” e “dever?” Pois é amigo querido. Aqui é assim.
Dói muito, sabia? Constatar que tudo o que foi construído pelos que queriam o bem da nossa nação, estão acabando e, ainda acham pouco para saciar tanta gana e desfaçatez dos que se dizem beneméritos do povo. Uma pena!
E a segurança aí funciona? A segurança daí é segura? Dá para acreditar nela? Espero que sim, pois por aqui a coisa tá feia, meu amigo! As famílias não têm mais condições de educar seus filhos e, nem as escolas aos seus alunos. Esta função educadora está delegada aos programas que, infelizmente não educam, pois, não estimulam a que se imponham o respeito, a hierarquia, a disciplina e, nem boa vontade. Os valores familiares, nacionais e humanos não existem. Outros ocupam seus espaços e, infelizmente, não são bons. Imagine o resultado disso. A vida vale pouco, por aqui, amigo. Por 20 reais um menor, ou um maior mesmo, puxa um gatilho e, mais uma tragédia acontece e ninguém sofre uma punição. Aliás, sofre sim. A família que ficou sem seu provedor. Esta será punida eternamente. O matador segue em frente ceifando vidas, subtraindo patrimônio e a roda gira, quem perdeu, perdeu e pronto!
Amigo, espero que viva bem melhor, que eu aqui, é o que desejo de todo meu coração. Ah, posso fazer-lhe um pedido? Reza por mim, quem sabe assim, Deus não queira interceder! Nele eu acredito.
Abraços fraternos.
*Educadora Cris Souza
Aproveitando a onda das cartas abertas.
Aracaju, 02 de novembro de 2016.
Querido Amigo, venho através destas mal traçadas linhas, dar as minhas noticias e, ao mesmo tempo, colher as suas. A princípio gostaria de saber como vai você. Sabe? Eu, realmente me importo com sua saúde. Portanto, não interprete mal minhas perguntas. É que infelizmente, no meu país o sistema de saúde não funciona e, ficar doente por aqui é uma péssima escolha, parece até, ser muito mais atraente morrer logo, de primeira. Pois, ficar perambulando em busca de ajuda nos nossos nosocômios chega a ser uma péssima ideia.
Também, gostaria de saber como é a educação por aí, a escola publica funciona? A educação daqui, querido Amigo, é nota zero, também! Tudo aqui é ditado de cima para baixo, empurrada goela abaixo, sabe? Vem de cima, de pessoas que nunca pisou o chão de uma escola pública. Não entendem “nadica” de nada do que vem a ser ensinar nas escolas daqui. A coisa tá feia, sabia? Só quem tem direito é o aluno. O professor tem quem ensinar a quem quer e a quem não quer aprender e, o pior! Não pode reprovar. Então, entram naquela paranoia: um finge que ensina, o outro finge que aprende e, mais um analfabeto funcional esta se formando. É, meu amigo, por determinação da norma a roda maior está rodando dentro da menor, veja se pode uma bagunça dessas!?
Mas, o professor é obrigado a agir assim, senão, os arautos da certeza, aqueles aquartelados nos palácios de Brasília que administram e determinam, por normas e decretos, o que e o como deve ser ensinado.
Quem menos conhece de escola, lidera as transformações. Estão seguros de que, desta forma, salvarão a Pátria. Acredita? Não? Nem eu.
Mas, prosseguindo, responda-me: Consegue ler livros bons, de grandes autores? Eu não consigo. O preço é altíssimo, me viro com os sebos e as poucas bibliotecas públicas, que ainda existem por aqui. Raras, mas dão conta do recado. Estamos vivendo um tempo terrível, meu amigo, já li a respeito de nações que se esboroaram, por fazer o que ora acontece aqui, sabia? Dá para acreditar num sistema, onde o “panis et circenses” é prioridade absoluta em detrimento do trabalho, do comprometimento, do estudo e da escola? Aqui, somos forçados a conviver com a desídia administrativa e a incúria da corrupção deslavada. Onde os agentes e gestores locupletam-se com o erário publico como se donos fossem. Dá para entender um povo que confunde o “eu quero”, com “eu posso?” Que se atrapalham em definir: “direito” e “dever?” Pois é amigo querido. Aqui é assim.
Dói muito, sabia? Constatar que tudo o que foi construído pelos que queriam o bem da nossa nação, estão acabando e, ainda acham pouco para saciar tanta gana e desfaçatez dos que se dizem beneméritos do povo. Uma pena!
E a segurança aí funciona? A segurança daí é segura? Dá para acreditar nela? Espero que sim, pois por aqui a coisa tá feia, meu amigo! As famílias não têm mais condições de educar seus filhos e, nem as escolas aos seus alunos. Esta função educadora está delegada aos programas que, infelizmente não educam, pois, não estimulam a que se imponham o respeito, a hierarquia, a disciplina e, nem boa vontade. Os valores familiares, nacionais e humanos não existem. Outros ocupam seus espaços e, infelizmente, não são bons. Imagine o resultado disso. A vida vale pouco, por aqui, amigo. Por 20 reais um menor, ou um maior mesmo, puxa um gatilho e, mais uma tragédia acontece e ninguém sofre uma punição. Aliás, sofre sim. A família que ficou sem seu provedor. Esta será punida eternamente. O matador segue em frente ceifando vidas, subtraindo patrimônio e a roda gira, quem perdeu, perdeu e pronto!
Amigo, espero que viva bem melhor, que eu aqui, é o que desejo de todo meu coração. Ah, posso fazer-lhe um pedido? Reza por mim, quem sabe assim, Deus não queira interceder! Nele eu acredito.
Abraços fraternos.