RECUPERAÇÃO ESCOLAR À MODA DA CASA ("Um pai vale mais do que uma centena de mestres-escola." George Herbert)
Hoje, na última semana do ano escolar municipal, estou aplicando provas e trabalhos para formar a nota dos alunos que apresentam um saldo negativo. Eu tenho que fazer isso como mandam as normas escolares; chamam isso de recuperação de nota. Porém, não é justo que a nota final do aluno beneficiado pela recuperação seja maior do que a do melhor aluno com atividades regulares, o qual não tirou dez, mas não ficou de recuperação. Quando isso acontece, aqueles que sobraram para os trabalhos facilitados, forçados à promoção, deixam em mim uma sensação de incompetência, pois a incompetência força à incompetência.
E o histórico escolar de ambos tem valor diferente? É claro que sim! Maiores notas, maior prestígio e melhores oportunidades reais no mercado de trabalho. E, nesse caso, a justiça é cega porque não quer ver. Duzentas aulas de Língua Portuguesa no ano, resumem-se em apenas cinco na semana de recuperação. Esse sistema educacional é paciente e longânime. Ele é generoso e misericordioso, ou melhor, é sonolento. Mas, não será
0 assim para sempre! Todo aquele que rejeitar suas muitas chances de credenciamento não será pego de surpresa. Logo, não haverá recuperação. As rebeliões serão cada vez mais frequentes e atrozes contra o sistema educacional, favorecidos contra favorecedores; todavia quem irá abrir os olhos dele?
Aliás, nessa reflexão ou desabafo, espero também me recuperar de traumas ou de problemas que com certeza estão associados a minha própria falta de cuidado com meu profissionalismo e caráter; eu devia me preocupar mais com o que disse William Shakespeare: "Quem me rouba a honra priva-me daquilo que não o enriquece e faz-me verdadeiramente pobre." Não posso perder o contato com minha verdadeira identidade. Estou trabalhando, mantendo o foco para ser útil à sociedade. Disseram-me os anjos que só tenho de deixar a energia fluir no meu ritmo, abrindo passagem; que me desculpe os anjos, acho isso muito pouco, preciso mesmo é gritar para o mundo. Os charlatões da autoajuda mentiram para mim, anulando a existência da lei da concorrência: Acreditei no Henry Ford: "Um idealista é uma pessoa que ajuda os outros a prosperar." Tornei-me idealista, por isso, a minha alma ainda está na área de crise e ao lado do corpo cansado, sugerindo um desafio complexo para o intelecto e as emoções de alunos preguiçosos, exigindo-lhes disciplina e serenidade para viabilizar as lições adequadas. Isso é aula...