EU NA CAVERNA, E ELA EM MIM ("O homem nunca saiu da "caverna". Apenas, evoluiu em arquitetura e tecnologia. Continua irracional. Matando e destruindo com mais potência. — "Wal Águia Esteves)
Acorrentado pela ignorância, no segundo compartimento da caverna de Platão, nunca me senti tão indisposto, assim com baixa vitalidade. Lá fora tem Pandemia! No atual distanciamento oficial e imposto pelas autoridades, não tive coragem para mais nada; não comprei nada, nem me envolvi com mulheres, amigos ou familiares. Nem ainda, com problemas alheios. Não saí da Caverna. Eu estou inadequado para me sentir emocionalmente responsável pelos outros. Não pude me mostrar acolhedor, generoso e cuidadoso com o bem-estar das pessoas que me cercam. Na verdade, estou me debatendo com maus sentimentos, pressentimentos ruins e situações meio tensas, descontando nos outros meus erros! Aí, uma amiga virtual me diz que sou bom e experiente, mas, não pode sair das sombras; o sol dá câncer.
Como posso ser diferente dos habitantes da Caverna, se carrego comigo as cicatrizes de três erros capitais que me aprisionaram: Escolhi mal meus casamentos, foram dois que só me revelaram que o “Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra” (Génesis 1, 28) não é casar: ninguém domina ninguém! Escolhi mal a religião, porque me deixei levar por pastores enganadores, agora descrente na Bíblia e nos charlatões. Acostumado na escuridão, não consigo abrir os olhos na claridade. Também, escolhi mal a profissão, concursado na educação, porque não me disseram que a educação separa os homens, fazendo-os adversários? Não posso nem odiar os opressores, porque me fazem sentir assassino. (1 Jo 3:15).
Porém, a pergunta que faço insistentemente, pois algo muito me incomoda atualmente, é esta: Porque um homem faz o outro sofrer? "Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas." (Antoine de Saint-Exupéry). Tenho suportado muitas larvas; elas se multiplicam assustadoramente, e não mais viram borboletas, pois acham muito incômodo voar. Nessa parábola, sou também larva e nunca borboleta.
Mesmo assim, devo concordar com as determinações do destino, já que, neste mundo, na "vida boa", é também muito caro ter prazer: cinco segundos de orgasmo para meia hora de esforço e ninguém reclama, bastam-nos as sombras sinistras de cada dia. E a Caverna é o Centro de Convivência ...