De todas as almas...
Só se morre uma vez.
E é por muito tempo.
Molière
1. Hoje, 2 de novembro, é o dia dos mortos; ou, como querem outros, o dia dos "Fiéis Defuntos". Prefiro, acompanhando os ingleses, dizer que o 2 de novembro é o "Dia de todas as almas" - All Souls'Day.
2. Explico o porquê de minha adesão à opção anglicana. Vejam. Os cemitérios, que neste momento estão sendo ruidosamente visitados, não hospedam somente "os fiéis defuntos". No seu abençoado chão, também são enterrados os mortos que, em vida, foram infieis, crentes, incréus, hereges, agnósticos e ateus.
3. Por isso, no dia de finados, rezar por todas as almas é a mais justa, a mais sensata maneira de homenagear os mortos. Seja nos cemitérios ou fora deles. Fora deles? Como?
4. Andei lendo, que os espíritas concordam com a visita aos jazigos no dia 2 de novembro. Para esses irmãos, essa visita "é a exteriorização da lembrança que se tem do espírito querido, é uma forma de manifestar a saudade, o respeito e o carinho" aos falecidos.
5. Lembram, entretanto, que "O espírito, ou a alma, agora desencarnada, não se encontra no cemitério, e pode ser lembrada e homenageada através da prece em qualquer lugar". Amigo, é o que tenho feito já há algum tempo.
6. Rezo pelos mortos (os meus e os dos outros) longe dos cemitérios. Flaubert escreveu: "Que grande necrópole é o coração humano! Para que irmos aos cemitérios? Basta abrirmos as nossas recordações; quantos túmulos!"
7. Não compareço a velórios e nem a sepultamentos. Salvo quando uma mensagem, elaborada com carinho, não for o bastante para justificar minha ausência nestes dois eventos fúnebres, pra mim, constrangedores.
8. Horroriza-me o enterramento em covas rasas, em covas profundas, em mausoléus grã-finos e em gavetas.
Se é na cremação, a despedida do morto - precedida daquela cerimônia pungente -, deixa-me aflito ao ouvir aquele "Adeus!" solene, um "Adeus!" para sempre.
9. Aos cemitérios não vou, redigo, e muito menos no dia de finados. Não raro, no dia 2 de novembro, eles viram uma verdadeira bagunça.
Ouve-se rezas dramáticas, choros convulsos, gritos lancinantes, lágrimas e gemidos! E - pasmem! - cantorias exageradas ao som de violões e até pandeiros.
10. Quebra-se, literalmente, o silêncio que deve reinar no interior das necrópoles.
O filósofo contemporâneo Mario Sergio Cortella (sem acentos, ok?), em um de seus livros, recorda que "a própria palavra cemitério (derivada do grego) , usada em vários idiomas, significa lugar para dormir, dormitório, lugar para descansar".
12. O cemitério, amigo, vale insistir, é um lugar que sugere reflexões. Sobre, por exemplo, o lembrete bíblico muito conhecido: "Memento homo qui pulvis es et in pulverem reverteris" - "Lembra-te homem que és pó e ao pó retornarás". É um recado cruel? É!
Que todas as almas e não somente a dos "fiéis defuntos" descansem em paz! Num cemintério em silêncio...
Só se morre uma vez.
E é por muito tempo.
Molière
1. Hoje, 2 de novembro, é o dia dos mortos; ou, como querem outros, o dia dos "Fiéis Defuntos". Prefiro, acompanhando os ingleses, dizer que o 2 de novembro é o "Dia de todas as almas" - All Souls'Day.
2. Explico o porquê de minha adesão à opção anglicana. Vejam. Os cemitérios, que neste momento estão sendo ruidosamente visitados, não hospedam somente "os fiéis defuntos". No seu abençoado chão, também são enterrados os mortos que, em vida, foram infieis, crentes, incréus, hereges, agnósticos e ateus.
3. Por isso, no dia de finados, rezar por todas as almas é a mais justa, a mais sensata maneira de homenagear os mortos. Seja nos cemitérios ou fora deles. Fora deles? Como?
4. Andei lendo, que os espíritas concordam com a visita aos jazigos no dia 2 de novembro. Para esses irmãos, essa visita "é a exteriorização da lembrança que se tem do espírito querido, é uma forma de manifestar a saudade, o respeito e o carinho" aos falecidos.
5. Lembram, entretanto, que "O espírito, ou a alma, agora desencarnada, não se encontra no cemitério, e pode ser lembrada e homenageada através da prece em qualquer lugar". Amigo, é o que tenho feito já há algum tempo.
6. Rezo pelos mortos (os meus e os dos outros) longe dos cemitérios. Flaubert escreveu: "Que grande necrópole é o coração humano! Para que irmos aos cemitérios? Basta abrirmos as nossas recordações; quantos túmulos!"
7. Não compareço a velórios e nem a sepultamentos. Salvo quando uma mensagem, elaborada com carinho, não for o bastante para justificar minha ausência nestes dois eventos fúnebres, pra mim, constrangedores.
8. Horroriza-me o enterramento em covas rasas, em covas profundas, em mausoléus grã-finos e em gavetas.
Se é na cremação, a despedida do morto - precedida daquela cerimônia pungente -, deixa-me aflito ao ouvir aquele "Adeus!" solene, um "Adeus!" para sempre.
9. Aos cemitérios não vou, redigo, e muito menos no dia de finados. Não raro, no dia 2 de novembro, eles viram uma verdadeira bagunça.
Ouve-se rezas dramáticas, choros convulsos, gritos lancinantes, lágrimas e gemidos! E - pasmem! - cantorias exageradas ao som de violões e até pandeiros.
10. Quebra-se, literalmente, o silêncio que deve reinar no interior das necrópoles.
O filósofo contemporâneo Mario Sergio Cortella (sem acentos, ok?), em um de seus livros, recorda que "a própria palavra cemitério (derivada do grego) , usada em vários idiomas, significa lugar para dormir, dormitório, lugar para descansar".
12. O cemitério, amigo, vale insistir, é um lugar que sugere reflexões. Sobre, por exemplo, o lembrete bíblico muito conhecido: "Memento homo qui pulvis es et in pulverem reverteris" - "Lembra-te homem que és pó e ao pó retornarás". É um recado cruel? É!
Que todas as almas e não somente a dos "fiéis defuntos" descansem em paz! Num cemintério em silêncio...