Escrevo?

Escrever o quê? Para quem? Escrevo?

Titubeio cada vez que encaro o silêncio longo das palavras. Entre os anseios que seguem surge o questionamento inevitável: nasci mesmo para escrever? Talvez eu nutra mera teimosa em idealizar um sonho além da conta.

Qualquer sujeito metido com papel e caneta já tentou preencher seu próprio vazio fazendo uso das palavras, arrisco afirmar. Nesses instantes eternos e dolorosos de dúvida vem a suspeita indesejável: meus escritos nunca mereceram ganhar o mundo. É como se cada frase ou rascunho de texto só encontrassem refúgio aqui, neste velho caderno onde anoto meu melodrama de espectador único. Este é o resort onde meu delírio de grandeza descansa.

Eu rumino a ideia, mas não há nada além destas páginas, só a certeza de falha. E é disso que ainda fujo.

Sallez
Enviado por Sallez em 31/10/2016
Código do texto: T5808932
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.