“Pau que nasce torto, nunca se endireita”.
“Como é que a pessoa erra um buraco desse tamanho, tão redondinho, tão bem feito e em plena luz do dia”. Essa fala acima pode ser de qualquer pessoa do seu convívio. Todo homem já deve ter ouvido e muitas mulheres já pronunciaram. Por isso decidi escrever a crônica do pau torto. Passei a gostar do gênero (crônica não é de pau, não), lendo cronistas pauleiras que têm por aí.
Não sei com você, mas comigo já aconteceu demais. Lá, na mais tenra idade, minha mãe já reclamava. Antes o problema não era o vaso sanitário, mesmo porque, nesse tempo, se mijava a céu aberto. Era só ir para detrás da casa ou de uma moita. No interior tínhamos essas regalias, apontávamos para qualquer direção e mandava bala, na cidade, não. Quando a gente acordava de manhã, todo dia era uma reclamação só, só pelo fato de possuirmos tal artefato e o pau tinha mais nome que marca de carro. Rola torta, tripa de soinho, pau de café, vara fina, estaca, pica de jumento, pirrola... Isso no interior. Na cidade já tem outros nomes mais chiques, bilau, pênis, genitália masculina, órgão sexual, bráulio, caralho..., mas não importa como se chama, o que deixa as mulheres loucas (de raiva) é quando você não acerta o alvo, o bendito do buraco.
Tem coisas que não se explicam (o instrumento tem que está em um tamanho confortável, se tiver mole demais é ruim, se tiver muito duro, pior ainda, a gente nem consegue controlar a pressão, tanto ao mijar, quanto à bronca depois), mas a pergunta que sempre ouvimos, nem é mais novidade. “Já errou o alvo de novo, pau torto?” Para a mulher a posição é muito cômoda, mas para os homens, pense num troço complicado. Às vezes, a gente até treina, fazemos mira e atira no alvo, pensa no prêmio, na recompensa, mas não dá.
Vou mandar instalar em casa um daqueles mictórios (palavra bonita, deve ser do latim, mictorum) que têm em alguns bares e repartições públicas. Foi a melhor coisa que já inventaram. Você chega num bar, toma umas cervejas, depois dá aquela vontade. Você vai direto ao alvo. Você falta é ter um orgasmo, porque, parece mágica, o alívio que se sente, não se derrama uma gota fora e não há uma reclamação, sequer. Você sai lá fora com um sorriso no rosto. Sua esposa ou namorada já fica pensando “já está embriagado, o infeliz”. Ela nem imagina qual foi sua proeza. Dá vontade de chamá-la para conferir o feito.
E, pensando bem, é melhor não instalar mictório, porra nenhuma, pois aí vai acabar a diversão e não se terá mais a marca registrada e a atenção toda especial da mulher, logo ao acordar.
Pedro Barros.