Sinos ecoam nas vielas de Praga...
Gustavo Pilizari
e-mail: gustavopilizari@gmail.com
Os desgastados cinzentos paralelepípedos das tortuosas vielas escondidas de Praga nos remetem a um tempo muito passado, todavia presente em cada cena desbotada e casas descascadas pelos malditos ponteiros astronômicos que não hesitam em continuar dando cordas em sua longa jornada pelos séculos...
Estar em Praga (República Tcheca), é revisitar a época Medieval em nossos olhos do passado já apenas registro Histórico e, cujas marcas e formas, ainda são vistas em cada rua da cidade...
Sua calmaria vertiginosa, seus odores queimados e cores ocres enrugadas despertam uma gostosa sensação de melancólico pertencimento a uma era outrora, destarte, viva em cada marionete colorida infante, portinhas pequeninas e becos perdidos pelo caminho do flanador...
Estar em Praga é sentir o delicioso gosto cremoso nas papilas: o conjunto arquitetônico é pura estética do deleite, nos lambuza de uma seiva embriagante...
Sua estrutura de prédios e casas baixinhas de cores enferrujadas, desbotadas e encardidas apenas colaboram ao entorpecimento de uma mágica cena onde, num canto qualquer, um príncipe e princesa à cavalo desfilarão sem rumo e soltos frente aos nossos olhos...
As pontes nos levam e nos trazem ao pertencer e ao não pertencer de um mundo em que não existem chegadas nem partidas, antes, conexões para alhures... basta a nós, sonharmos...
Cutucam os céus cúpulas pontiagudas e abobadadas catedrais e igrejas encontradas em cada esquina num lugar onde a fé, não há!
Entre os corredores apertadinhos e aconchegantes de vielas escuras, em que nos perguntamos quem ali moraria, um som de gaita ou acordeom ou violino ou valsa pode ser ouvido despretensiosamente...
E não bastasse às pinturas a céu aberto desta capital, a cidade encanta pelo seu ar de mistério, querendo nunca ser compreendida por morador nenhum, antes, cravada pelo mito de ser a metamorfose de um outro escondido em cada coração que aqui desembarca...