O despertar de um poeta

Assis Silva

A professora Aurilene na sua atividade e missão de incentivar e despertar a vontade de aprender, fez uma atividade com seus alunos: escrever uma paródia do belo poema do poeta maranhense Gonçalves Dias, a tão famosa “canção do exílio”. Eu como todos os meus colegas não sabíamos o que fazer, afinal ninguém dominava a arte da escrita e tão pouco brincar com as palavras como fazem os poetas. Li a “canção do exílio” com interesse e curiosidade, peguei uma folha em branco e um lápis, fui para um lugar sossegado e por muito tempo tentei rabiscar algo, mas nada, absolutamente nada saia da ponta do lápis e tão pouco pensamentos poéticos povoavam a minha mente.

Naquele momento e naquele dia não consegui escrever um verso se quer. No outro dia de manhã, nada de inspiração. Mas naquele mesmo dia e todos os dias, cruzava o rio Guamá, sentava-me em suas margens, via as tantas e diversas espécies de animais e aves que tinham ao meu redor. E então, o primeiro verso, imitando o poeta: “’ minha terra’ tem belezas...”. Aos poucos sem perceber enumerei muitas coisas e organizei de maneira que rimassem. Pronto, atividade feita.

Fiquei encantado com meus versos e a organização na qual os coloquei. Foi o primeiro, sim, depois dele nunca mais parei. Todos os dias escrevia um ou dois poemas. Tudo à minha volta era poético e tudo se transformava em poesia. Infelizmente durante a trajetória da vida e de tantas mudanças e lugares perdi meu primeiro poema, recordo-me apenas da última estrofe:

Não permita Deus que eu morra

Sem que posso lutar

Contra tudo isso que está acontecendo

no estado do Pará!

A professora não sabe o bem que ela me fez ao passar aquela atividade. Sim um bem sem tamanho, talvez viesse um dia a ser poeta, ou sei lá, nunca escrevesse um poema na vida, mas aquela atividade me fez descobrir meu dom poético. À professora agradeço imensamente por me mostrar a maravilha que é a poesia e a arte de escrever. Um dia quando a encontrá-la quero falar-lhe pessoalmente e lhe entregar autografado um livro de poesias de minha autoria. Incentivá-la assim com ela fez, para que continue ainda com aquela atividade, pois quem sabe entre seus alunos ainda possa surgir um grande poeta. De uma simples atividade em sala de aula, hoje escrevo livros, crônicas, romances...sou poeta.

Assis Silva
Enviado por Assis Silva em 26/10/2016
Reeditado em 17/11/2016
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