O Show é Nosso!

A moça dançava a dança louca sem par na grande festa da solidão. Passeava na sua própria companhia. O salão expressava multidão, boemia, canções e ao mesmo tempo muitas almas alinhadas com a moça na dança do eu sozinho. Apesar do disfarce da solidão na face das pessoas, um aglomerado de corações retalhados e vazios irradiavam cinzas involuntariamente. No meio desse cenário de confusa e falsa alegria, estava ele “o moço”. Este se apresentava distraído, introspectivo e também sem par. Ao encontrá-lo, a moça sentiu a sensação de leveza, um cheiro de felicidade que não entendia de onde vinha. O encontro de almas e o verdadeiro “déjà vu” dispersou-se no ar naquele instante. A informação chegava com ruídos, a poluição visual e sonora do salão atrapalhava a concentração. Mas a moça tinha certeza que aquela sensação era familiar. Ele hesitou num primeiro instante. Mas numa segunda oportunidade de aproximação, tímido e sem jeito, concretizou as forças externas da profecia dos desejos. A abordagem parecia repentina para uma noite naquela grande cidade. No entanto, ela se sentiu a vontade, uma dança se desenrolou e suas almas, que dançavam sozinhas até então, dançaram uma valsa ousada no meio daquela multidão. Ao final da dança, os aplausos ressonavam uma poesia de harmonia e sossego, pois a moça sabia que naquele instante, não estava sozinha.

Ubirani
Enviado por Ubirani em 25/10/2016
Reeditado em 11/12/2016
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