Inconsciência
são os sentimentos inesperados que assombram,
como se soubessem de algo que permanece oculto, ignorante à razão, mas determinam seu momento explicitamente;
são inexplicáveis em sua natureza, consomem vorazmente e acovardam a lógica;
intercalados entre a paz hipócrita e a lucidez instintiva de um coração abrandado pelo tempo;
a chama inclemente transforma-se em cólera, queima os sentidos e reclama sua existência e relevância;
talvez seja a inconsciência sobre sobre si mesmo que, uma vez desperta, reconhece a sincronia constantemente ignorada;
a alma pede por um alimento e o corpo não assimila sua digestão, assim como a razão é estraçalhada pela falta de concepção;
a imaginação é assolada por uma ideia inadmissível, porém real , latente;
apenas você a sente e é devorado por ela; ela transforma a calmaria superficial num inferno lúcido do qual é impossível escapar;
são os pensamentos omissos, as opiniões enclausuradas, a rebeldia contida, o desejo acorrentado; todos excelentes combustíveis para acelerar a audácia e transformar uma pequena coragem em um ato consumado;
um átimo, é o que falta para torná-la real...
a música atormenta sadicamente, doentia; o sangue ferve e a visão se turva; quantas possibilidades se fizer, quantas frustrações se desistir?
o caráter é questionado, a religião é esquecida, os conceitos derrubados;
minutos transformam-se em horas, a espera, eterna;
nesse momento você implora por algo superior e o silêncio é devastador;
é imprudente pensar sobre o delírio, certamente achará a causa... ou a resposta para a súplica...
a reflexão retrocede frente à verdade, pois sabe que não encontrará clemência nem compaixão por sua busca petulante; será explorada, exposta e sua pureza superficial eliminada!
o ébrio verte a libido, seduz o tormento e docemente adormece o demônio, prometendo uma paz inalcançável, ainda que real.
DarkMoon