Eu amo viver
 
Abro a janela do banheiro para sair a neblina formada pelo chuveiro.
Lá fora é tudo neblina, São Paulo está coberta, triste, densa, fechada.
Sãos as milhões de gotas de lágrimas evaporando.
Roladas pela dor, pelo susto, pelas vidas.
Eu amo a vida.
Eu choro.
Sentado na banqueta do balcão da padaria
Me encanto com o vaporzinho perfumado do capuccino
O gosto da manteiga frita na chapa
O pão crocante estalando na boca
Eu amo a vida.
Eu como
Buzinas, cantos de pássaros
Rangidos de pneus, burburinhos dos transeuntes
Na TV as mesmas notícias tristes
Eu amo a vida.
Eu ouço
Sinto no peito uma saudade vazia
Saudade do seu sorriso aberto
Da timidez de seus olhos me procurando
Eu amo a vida.
Eu sinto
Eu estou vivo mais um dia
Augusto Servano Rodrigues
Enviado por Augusto Servano Rodrigues em 26/07/2007
Reeditado em 12/08/2007
Código do texto: T579988
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