Duplicidade
As criaturas revelam-se ao anoitecer, seu momento no silêncio gutural de um mundo ultrajado.
Pensamentos ocultos transbordam as psiques, rebelando-se contra a moral pragmática, destruindo as defesas delicadas da consciência humana.
O vil se mostra ao nobre, a paixão ao amor, a crueldade à benevolência, o libertino à modéstia.
Um pacto, um vício, uma necessidade.
A dualidade do ser é sua maldição. Uma luta eterna, invencível, entre desejos insatisfeitos e ambições mundanas.
A arte, arrogantemente, arrisca-se a personificar suas faces, criando classificações e definições intelectuais, mas a profundidade dessa nudez permanece indistinta, obscura, em resposta à pobre representação de suas cores.
A música, com todas as suas escalas, acordes e harmonias, despudoradamente, expões as emoções latentes, amplifica os sentidos e conduz o espírito ao seu utópico paraíso ou ao seu merecido inferno.
Fomos agraciados com pragas delicadas, ilícitas; atormentados por seu sabor e beleza, fragilidade e poder.
A sedução etérea para almas consumidas pelas sombras de sua própria existência.
DarkMoon