Duplicidade

As criaturas revelam-se ao anoitecer, seu momento no silêncio gutural de um mundo ultrajado.

Pensamentos ocultos transbordam as psiques, rebelando-se contra a moral pragmática, destruindo as defesas delicadas da consciência humana.

O vil se mostra ao nobre, a paixão ao amor, a crueldade à benevolência, o libertino à modéstia.

Um pacto, um vício, uma necessidade.

A dualidade do ser é sua maldição. Uma luta eterna, invencível, entre desejos insatisfeitos e ambições mundanas.

A arte, arrogantemente, arrisca-se a personificar suas faces, criando classificações e definições intelectuais, mas a profundidade dessa nudez permanece indistinta, obscura, em resposta à pobre representação de suas cores.

A música, com todas as suas escalas, acordes e harmonias, despudoradamente, expões as emoções latentes, amplifica os sentidos e conduz o espírito ao seu utópico paraíso ou ao seu merecido inferno.

Fomos agraciados com pragas delicadas, ilícitas; atormentados por seu sabor e beleza, fragilidade e poder.

A sedução etérea para almas consumidas pelas sombras de sua própria existência.

DarkMoon

VY Dark Moon
Enviado por VY Dark Moon em 22/10/2016
Reeditado em 22/10/2016
Código do texto: T5799720
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