Sem nome

Jow, Cacá, Bino, Totó, qualquer nome servia. Nasceu sem nome e ficou assim, quem disse que precisa de nome para ser feliz pensava o peludo.

Era um cachorro feliz, sem dono e sem nome e todos o respeitava. Era audacioso, aventureiro ao extremo e dono de si. Atendia por qualquer nome, o que importava era o respeito que as pessoas tinham por ele.

Nunca precisou mostrar os dentes para se impor, sua cara de bonachão era o suficiente para conseguir viver em paz.

Sentia-se dono das ruas e praças da cidade e todos o conhecia e cada um dava o nome que mais lhe agradava. Até de mestre já o chamaram, pois era mestre em viver bem.

Comida não lhe faltava, era um pouco aqui um pouco ali sempre com uma dose de carinho. Seu pelo brilhava e balançava ao andar, embora nunca tenha tomado banho. Seu banho ele mesmo tomava quando estava muito calor, o rio era seu refúgio. Muitas vezes brincava com a criançada de pegar a bolinha ou um pedaço de madeira qualquer.

Se alguém se atrevia a adotá-lo ele fugia em busca da sua liberdade. Ele apenas queria ser feliz do seu jeito.

O tempo passa e sem nome já não estava tão audacioso, gostava da liberdade, mas já não se aventurava tanto. O tempo lhe trouxe pelos branquinhos no focinho e longos momentos de sono. O tempo foi modificando aquele aventureiro e o carinho por ele aumentou. Não queria privar-se de sua liberdade, mas, aceitava cuidados especiais.

Até que em um dia de sol, o aventureiro fecha os olhos para sempre nas escadarias da igreja matriz. O sino toca para a despedida do nosso Jow, Cacá, Totó, Peludo, Mestre e sem nome.

Seu nome foi felicidade.

DEBORA DANTAS
Enviado por DEBORA DANTAS em 21/10/2016
Reeditado em 30/04/2017
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