CRÔNICA – A cultura das oposições –
20.10.2016
CRÔNICA – A cultura das oposições – 20.10.2016
As oposições brasileiras são eventuais (salvo o pessoal que jurou fidelidade ao PT para o resto da vida), de acordo com o grupo que está no poder. Os favoráveis são conhecidos como da situação, enquanto que os adversários ficam tidos como oposição. Há também os que mudam de sigla por interesses pessoais, ou seja, dançam de conformidade com a música. Existem também os que não estando no poder tanto faz dizer sim como não, vivem perdidos, manipulados por lideranças maléficas na hora do voto.
Ocorre que, nos últimos tempos, a política tem descambado para o “nós” e “eles”, ou mesmo os “bons” e os “ruins”, cultura que aos poucos se foi firmando após a tomada do poder pelo Partido dos Trabalhadores, esse mesmo que deixou o país completamente sem pai nem mãe, porquanto patrocinou um verdadeiro descalabro administrativo em todos os setores aonde teve a chance de colocar as mãos, especialmente nas estatais. A PETROBRAS, que era orgulho nacional, passou a ser uma empresa frágil, comprometida com débitos de grande monta, que está dando muito trabalho para ser colocada em situação de voltar aos velhos tempos, mas sem corrupção.
As cartas estão na mesa. Os corruptos e corruptores estão aparecendo, e a cada dia novas denúncias são conhecidas, incluindo nomes que causaram verdadeiro espanto ante a população nacional. São políticos, empresários e funcionários públicos nesse emaranhado de situações esdrúxulas de desvio de dinheiro público, pagamento e recebimento de propinas, superfaturamento, lavagem de dinheiro, improbidade administrativa e uma série de delitos que deixou o país em situação de penúria, recrudescendo a inflação, fechando grandes empresas e causando um desemprego de mais de doze milhões de trabalhadores.
Apesar da cassação do poder da presidente da república, que nunca entendeu de administrar coisa alguma, os políticos e aficionados do seu partido parecem anestesiados e continuam defendendo o indefensável, até mesmo negando que ela soubesse do lamaçal que envolveu a nação, a exemplo do seu padrinho político, que costumeiramente dizia: “Não sei, não vi, nunca autorizei coisa alguma, nunca cometi ato algum fora da lei, minhas campanhas políticas e doações sempre observaram os parâmetros legais, e as prestações de contas foram apresentadas e aprovadas pela justiça eleitoral”. É próprio de qualquer acusado dizer que tudo é mentira, até mesmo porque a lei lhe garante a defesa, difícil é demonstrar, através de álibi honesto, que tenha tomado providências no sentido de coibir, de estancar e de banir da vida pública procedimentos como os que são apurados pela Polícia Federal, que deixaram o país em polvorosa. Poucas são as entidades públicas que resistam a uma investigação rigorosa, pois quase todas estão infestadas do vírus da corrupção.
Essas medidas austeras anunciadas pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB-SP) são muito bem vistas pelo mundo inteiro, porquanto sem elas o país restará irremediavelmente perdido, sem salvação. Mas existe aquela turma conhecida do PT que nunca aprova nada, como fizera com a Constituição de 1988; com a lei de responsabilidade; com o Plano Real e tantos outros procedimentos que deram certo. Está pregando que haverá uma derrocada, notadamente na área social – saúde, educação, segurança, desemprego – como que tudo tenha funcionado normalmente no governo petista, que na verdade é pródigo em gastar, em dar nossos capitais a países de regime comunista, até mesmo perdoando dívidas de alguns, enquanto que aqui o nosso povo sofre com os efeitos maléficos das políticas públicas. Isso é lamentável, eis que não se pode radicalizar em posições contrárias àquelas que visam a recolocar o Estado brasileiro nos eixos e recuperar o desenvolvimento nacional. Onde já se viu um partido que se diz dos trabalhadores colocar milhões de pessoas no desemprego, em situação de insolvência, passando necessidades e até sem ter o que comer! Só mesmo aqui no Brasil.
Estão catequizando os nossos estudantes, muitos dos quais nem sabem qual ramo irão seguir, e incentivando invasões em escolas, que representa um grave prejuízo à nação, quer pela ausência de aulas (de difícil recuperação), ora pelos gastos que o governo é obrigado a absorver, porquanto eles estão em greve, mas as despesas não param, continuam sendo pagas com o dinheiro do cidadão brasileiro. A justificativa é a mais idiota possível, qual seja a de que a MP 241 vai levar à falência o ensino em nosso país. O negócio é que arriscam no chute, confiando nas lideranças tristes do governo extinto, que agora estão se fazendo de vítimas, apostando no escuro. A meu sentir não se pode apostar que não dará certo uma lei que, embora ainda não aprovada, começou a vigorar em caráter de urgência, digamos em estado de necessidade.
Seria muito mais fácil e confortável o aumento dos impostos, mas o governo ainda não quer enveredar por esse caminho, até por que o nosso cidadão já paga uma carga na base de quarenta por cento de seus rendimentos. Todavia, caso esse plano não funcione como se espera, essa medida terá de ser tomada de qualquer maneira, pois o rombo que se fez no governo da doutora Dilma não pode ser tapado em menos de cinco anos ou mais. Essa estimativa de vinte anos é, para mim, excessiva, mas a verdade é que em princípio não se pode ser muito otimista, mas se o sucesso for obtido em menor lapso, isso é muito melhor para o povo brasileiro. A taxa de juros já começou a cair, embora timidamente, mas um medicamento não faz efeito imediato e sim aos poucos, não se trata de milagre.
Tenho a impressão de que com a prisão do doutor Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ocorrida ontem, o povo que pensa que há gente superior às leis passará a raciocinar diferente, porque muita personalidade ainda vai ser recolhida pela malha da Lava-Jato, oportunidade única que temos de passar o país a limpo. Não importa quem seja ou de qual partido faça parte, mas a punição virá. Quem viver verá.
Fico por aqui. Trato desses assuntos com muito desgosto, todavia, na qualidade de cidadão brasileiro cumpridor dos meus deveres, tenho somente compromisso com a verdade, sou independente, não tenho partido nem facção. Sou aberto a críticas sérias, construtivas e bem argumentadas.