NOITE DE FANFARRA!
Chegando um pouco antes do início, percebo a ansiedade dos alunos de várias escolas municipais aguardando a vez de entrarem na quadra para a tão esperada apresentação, os instrumentos de percussão refletiam o brilho intenso das luzes, dando um tom especial ao metal das diversas peças cuidadosamente afinadas, já enfileiradas próximo a entrada.
Seguindo a ordem pré estabelecida pela organização do evento, as bandas de fanfarra foram ocupando o espaço incentivadas por calorosos aplausos da platéia, formada na maioria pelos pais, na torcida que tudo desse certo para os filhos nesta noite especial, ritmistas e passistas entre crianças e adolescente procuravam a melhor desenvoltura com a cadência das batidas, uma verdadeira festa de ritmos. Professores e instrutores atentos a cada detalhe davam as últimas ordens, aos próximos participantes.
No grande palco, o Maestro, por sua vez, com apito e gesticulações de mãos, passava os comandos para a ordem dos toques para cada grupo de instrumentos, compostos por: Surdos, bombos, caixas de guerra-repique e pratos de bronze, o estalado forte e inconfundível do som dos repeniques marcava cada mudança nas evoluções da bateria, com inovações de toques, seguidas de sucessivas paradinhas e viradas perfeitas sem atravessar o ritmo, cumpridas a risca o que fora ensaiado, demonstravam o resultado dos exaustivos treinamentos, não podiam errar.
Os alunos dos demais conjuntos assistiam a cada exibição com aclamações e alguns assobios, parte destes, junto aos espectadores não resistindo ao som dançavam, quase que hipnotizados pelo embalo contagiante das levadas de Olodum, samba, carimbó, Reggae e outras mais. Em algumas bandas destacava-se também os instrumentos de sopro, e até de cordas, no acompanhamento de composições regionais, tudo era festa! Meninas trajadas tipicamente se exibiam dançando no cadenciado de cada música, um verdadeiro espetáculo levando o público ao delírio.
Chamou-me a atenção em especial, a alegria de uma criança acompanhado da mãe, com entusiasmo participava ativamente, batendo amiúde com as mãos em sua caixa torácica, imitando o toque das baquetas de madeira nos instrumentos de repique “taróis”. Me fez voltar a terceira infância, quando agia também dessa forma, ao ouvir toques semelhantes nas exibições das bandas escolares, improvisava as batidas agitadas na região do peito com os dedos indicadores.