CIDADÃO DO INFINITO

...Para a humanidade, a cinco séculos a terra era plana. Há cinco séculos, monstros pavorosos habitavam as profundezas dos oceanos impedindo o avanço das grandes navegações. Ha cinco séculos as estrelas caiam do céu nas noites sem lua. Há cinco séculos doenças desconhecidas eram como castigo divino. Há cinco séculos acreditava-se que o homem nascia destinado a determinada casta, e que seu ancestral era o macaco.

Então nasceu a ciências, para por fim a esses mitos e muitos outros que atormentavam a humanidade e a impedia de enxergar através da montanha.

O Ser humano descobriu não somente que a terra é oval, mas que o universo é plano.

Descobriu que os terríveis monstros marinhos que os paralisaram por séculos, eram semelhantes aqueles que habitam debaixo das camas das crianças.

Que as estrelas não caem do céu, que são megas sistemas solares, a milhões de anos luz de nos, e que muitas delas que ainda brilham já não existem mais.

As muitas doenças que dizimavam os povos foram curadas, e descobriu-se que eram frutos de um estilo suicida de vida, e não castigo dos céus.

Que o bicho homem, mesmo não sabendo ao certo quem é, nem de onde vem ou para onde vai. Carrega em seu DNA a prerrogativa divina do discernimento e o dom de amar, e essas prerrogativas atestam que o homem não descende do macaco mais de Deus. Que não nasceu com destino pré-determinado, condenado a viver em determinada casta, mas é herdeiro do céu.

Ao ser arremessado contra essas realidades fenomenais, calculado em anos luz, o Ser humano se sente minúsculo, microscópio, quase insignificante, não obstante a sua faísca vital de origem divina.

Num lampejo descobre que habita um pequenino grão de areia, com bilhões de semelhantes, navegando errante pelo incomensurável oceano cósmico, regido apenas pela lei da mecânica celeste.

Por conta de sua origem divina, o homem está condenado a amar. Não há o que fazer.

Só que para isso o homem tem que aprender a amar incondicionalmente.

Tem que entender que o amor é muito mais que simples palavras. O amor é mais que sentimentalismo. O amor é uma decisão. Decide-se amar apesar de tudo.

Isso implica em abandonar área de conforto e colocar-se no lugar do outro. Abandonar vaidades desapegar-se de bens, apropriados indevidamente ou não, e que não tem lugar no caixão.

E isso é um processo lento e doloroso, porém imprescindível.

Nossa nave foi tomada de assalto por 10% da população. A manutenção preventiva esta atrasada há muito. A nave esta sucateada. O restante da tripulação tenta sobreviver relegado a própria sorte. Guerra, miséria, fome, cede, abandono.

O planeta geme em dores de parto. A senha para o start da reforma foi esquecida.

Por favor, alguém ainda lembra a senha?

(Amor ágape)