Antonieta Símaro Morato Campos
Agraciada pelos anos longevos e por uma vida intensa, quase centenária, dedicada à promoção da cultura, educação e consciência política em São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, Antonieta Símaro Morato Campos partiu deste mundo, no último final de semana, mas continuará para sempre na memória coletiva da cidade. Sua presença ficará perene em suas obras, reconhecidas pela Academia Paraisense de Cultura, da qual ocupava a cadeira no 14, tendo como patrono Monsenhor José Philippe da Silveira. Os livros Caleidoscópio, Maria Chiquinha e Figuras, figurinhas e figurões estão entre suas produções mais divulgadas, tendo também escrito poesias e crônicas publicadas em diferentes jornais da cidade.
Antonieta Campos testemunhou um longo período da história recente do país, percebendo as estreitas relações existentes entre os eventos locais, regionais e globais. Antes de finalizar a pesquisa para redigir o meu livro “História recente de São Sebastião do Paraíso (1933 – 1964)” fui conversar com a escritora, depois de passar muitos anos sem encontrar pessoalmente com ela. Clareza de raciocínio, ligada aos principais acontecimentos políticos do país, leveza de espírito em relação às vicissitudes vivenciadas por ocasião dos episódios de 64. Lição de vida que reafirmou, em minha consciência, o intenso desejo de escrever sobre temas pesados e controversos, sem pretensão alguma de fazer uma descabida revisão da história, pois considero ser totalmente impróprio querer julgar ou rever o passado protagonizado em contextos distantes da nossa realidade atual. O sentido maior da história é permitir sucessivos retornos para que possamos aprender alguma coisa com o passado e tentar deixar, para as futuras gerações, um mundo supostamente melhor.
Casada com o barbeiro e líder trabalhista Geraldo Borges Campos (Peba), falecido em 1967, Antonieta foi professora, escritora e jornalista que soube expressar sua opinião balizada, diante do mandonismo político e das violências cometidas nos longos anos da ditadura militar. Antonieta e Geraldo tiveram o filho José Francisco Calazans Morato Campos, odontólogo e também escritor, que publicou o livro “Aos estranhos, o Paraíso”, uma coletânea de crônicas, contos e histórias enraizadas na memória da nossa querida Paraíso. As convicções e posições políticas da escritora, como testemunha dos episódios de 1964, estão registradas nas páginas do premiado jornalista e escritor Leonêncio Nossa, que entrevistou alguns paraisenses para escrever um capítulo inicial de sua obra “Mata! O Major Curió e as Guerrilhas no Araguaia”, publicado em 2012, pela Companhia das Letras.
Em edição de 25 de setembro de 2011, o Jornal do Sudoeste registrou o transcurso do seu aniversário, quando estava completando 92 anos de vida. No último dia 5 de outubro, por ocasião do lançamento da Antologia comemorativa dos 30 anos da Academia Paraisense de Cultura, a leitura do seu Sonho, título da crônica de sua autoria que compõe a coletânea, emocionou a todos os presentes: “A gente morre um pouco a cada dia que se passa. Mas hoje a minha vida parece ter declinado um tanto mais. Tenho dificuldade em transmitir o que vai à alma (...) será o aceno de Deus, o Comandante de nossas vidas, para a grande mudança? Quando ele me convocar, só me resta dizer: Presente!” Querida mestra, permita-me afirmar que a senhora nunca teve dificuldade alguma para transmitir, com maestria literária, o mais puro sentimento da alma humana e por esse motivo terás eterna presença em nossos corações!
Antonieta Campos testemunhou um longo período da história recente do país, percebendo as estreitas relações existentes entre os eventos locais, regionais e globais. Antes de finalizar a pesquisa para redigir o meu livro “História recente de São Sebastião do Paraíso (1933 – 1964)” fui conversar com a escritora, depois de passar muitos anos sem encontrar pessoalmente com ela. Clareza de raciocínio, ligada aos principais acontecimentos políticos do país, leveza de espírito em relação às vicissitudes vivenciadas por ocasião dos episódios de 64. Lição de vida que reafirmou, em minha consciência, o intenso desejo de escrever sobre temas pesados e controversos, sem pretensão alguma de fazer uma descabida revisão da história, pois considero ser totalmente impróprio querer julgar ou rever o passado protagonizado em contextos distantes da nossa realidade atual. O sentido maior da história é permitir sucessivos retornos para que possamos aprender alguma coisa com o passado e tentar deixar, para as futuras gerações, um mundo supostamente melhor.
Casada com o barbeiro e líder trabalhista Geraldo Borges Campos (Peba), falecido em 1967, Antonieta foi professora, escritora e jornalista que soube expressar sua opinião balizada, diante do mandonismo político e das violências cometidas nos longos anos da ditadura militar. Antonieta e Geraldo tiveram o filho José Francisco Calazans Morato Campos, odontólogo e também escritor, que publicou o livro “Aos estranhos, o Paraíso”, uma coletânea de crônicas, contos e histórias enraizadas na memória da nossa querida Paraíso. As convicções e posições políticas da escritora, como testemunha dos episódios de 1964, estão registradas nas páginas do premiado jornalista e escritor Leonêncio Nossa, que entrevistou alguns paraisenses para escrever um capítulo inicial de sua obra “Mata! O Major Curió e as Guerrilhas no Araguaia”, publicado em 2012, pela Companhia das Letras.
Em edição de 25 de setembro de 2011, o Jornal do Sudoeste registrou o transcurso do seu aniversário, quando estava completando 92 anos de vida. No último dia 5 de outubro, por ocasião do lançamento da Antologia comemorativa dos 30 anos da Academia Paraisense de Cultura, a leitura do seu Sonho, título da crônica de sua autoria que compõe a coletânea, emocionou a todos os presentes: “A gente morre um pouco a cada dia que se passa. Mas hoje a minha vida parece ter declinado um tanto mais. Tenho dificuldade em transmitir o que vai à alma (...) será o aceno de Deus, o Comandante de nossas vidas, para a grande mudança? Quando ele me convocar, só me resta dizer: Presente!” Querida mestra, permita-me afirmar que a senhora nunca teve dificuldade alguma para transmitir, com maestria literária, o mais puro sentimento da alma humana e por esse motivo terás eterna presença em nossos corações!