Quando o lar se torna casa
Quando o lar se torna casa, as procuras são desencontradas. Os olhares nada veem e o viver torna-se um não existir.
O lar que edificado com tanto zelo, de repente, ruiu-se.Tornando-se infinitas carreiras de tijolos sobrepostos e de madeiras tão fracamente amarradas umas nas outras. O lar se descaracterizou e deu origem a uma simples casa.
Os diálogos acompanhados de sorrisos amplos e de tratamentos carinhosos como ‘Bem’, ‘Vida’ ou ‘Amor’, deram lugar à rispidez da utilização do nome próprio. Anos seguidos assim e de repente, ambos não se chamam de ‘amor’… Ambos não dialogam. Simplesmente, trocam ‘gentilezas’.
O lar se descaracterizou brutalmente… As pessoas sensíveis já não o visitam, porque não há características de lar. Não acolhe. Não transmite amor. E as casas, as pessoas podem visitá-las nas construções… Lá elas ainda não têm aparência de lar. Não transmitem afeto… São vazias de emoções. Não há habitantes ainda para torná-las um verdadeiro lar.
O lar que um dia com tanto amor foi edificado, ‘desabou’ com uma simples ‘tempestade’. As conversas amigáveis se tornaram um monólogo, no qual o ‘nós’ não existe e o ‘eu’ prevalece… ‘Eu sou’, ‘Eu tenho’ e ‘Eu sinto’. E assim um passado que parecia tão solidificado com acontecimentos tão significativos, simplesmente, ‘evapora’. Não há subsídios suficientes que sustente o lar. O lar se torna tristemente uma casa.
O amor se vai e junto com ele as possibilidades… A casa continuará sendo casa e o lar não se reconstrói. Na há tempo, nem dedicação, e o que parece difícil, um dia se torna intensamente insuportável.