Mensagens que edificam - 240

Quando forças externas conseguirem te calar, então verás que no silêncio despótico o arbitrário é rei, que reina com o cetro da maldade assentado não em um trono, mas na arquibancada de um coliseu onde o aplauso e o frenético grito de uma plateia enlouquecida, vibram com espadas perfurantes e presas famintas dilacerando oponentes desqualificados pela fragilidade ante os seus adversários. Isto não acontece em Roma, nem em nenhum outro palco atroz de um império, mas na mente fértil de quem delira com o assombro e com ventos frios de cemitério. Não há graça num conto maquiavélico, mormente quando numa peça sombria o senhor da guerra é o mesmo que empunha o arco e a flecha. Seus soldados, são súditos de um reinado onde tudo aparentemente já estava escrito, mas na verdade é o enredo de um samba que nunca ecoou na avenida. Quem acredita? Uma multidão incontável que teve suas vestes e mãos feitas provas de um crime nada perfeito. Não há álibi, nem congruência em qualquer ato deste espetáculo fantasioso. Seu roteiro é pra lá de desconexo, e se há algum convexo, seu côncavo é parte de um mosaico sem nexo. Um pouco de noção e o texto, sem esforço, transmite a sua interpretação. Blasfêmia? Infâmia? Decerto que não. A impureza das palavras não são a essência do autor, mas a chocante narrativa de uma maneira menos subversiva, de evidenciar que somos ou fomos vítimas de um logro sem um pingo de veracidade no seu teor. Se o seol é produto do desejo pérfido de sádicos de plantão, enalteço Marte, Júpiter e até Plutão, todavia nesta terra imunda, meu mundo se abre para uma dimensão onde não há acusação, nem acusador. Não sou réu do que não fiz, e a masmorra libertina foi arrombada pela luz do saber. Não é preciso espadas, fogueiras, nem cruzes... somos a liberdade estampada em cores que em nada se identificam com o carmim. Eu não anseio por nenhum sangue derramado, nem enalteço nenhum sacrifício imanado num pecado que eu não cometi. Se alguém não tiver pecado atire a primeira em mim.