TEMPLO ZU LAI
Um dia, o príncipe Sidarta Gautama - o Buda – que nasceu, talvez, no ano 560 AC em Lumbini (atualmente Nepal) entendeu que nem a vida nababesca na riqueza do palácio aonde vivia nem a miséria da vida asceta numa caverna onde se isolou de tudo e de todos, representavam o caminho certo para a iluminação.
Só o caminho do meio entre esses dois mundos, a convivência com o povo, como membro ativo na sociedade, participando das suas alegrias e tristezas, praticando a tolerância e a boa vontade para com todos e principalmente conhecendo-se e tendo total controle sobre si através da meditação, a pessoa gradativamente passaria pelas nove fases até atingir a iluminação.
Nascia assim o budismo.
A filosofia cuja maior virtude, a meu ver, claro, é ensinar que tudo o que precisamos para uma vida correta, simples, prazerosa e fértil está dentro de cada um de nós e que não precisamos de ajuda de deuses ou quaisquer entidades para atingi-las.
O ser superior que as religiões buscam, sem obviamente encontrar, está dentro de cada um de nós e somente o encontraremos praticando o autoconhecimento e o respeito por tudo o que nos cerca.
A palavra sânscrita Namastê - O deus que há em mim, saúda o deus que há em ti – é a síntese disso.
Sidarta era brâmane, praticante do hinduísmo e, apesar da diversidade de entendimento, ainda são encontrados vestígios dos deuses Brahma, Shiva, Krishna, Vishnu, Cali... Na vã tentativa de responder “por que as coisas existem”, de explicar a formação, a manifestação, a transformação, a destruição, o renascimento, as reencarnações, o carma e todo o complexo de sentimentos e aflições que acompanham o ser humano desde que se entendeu por gente e que não encontra as respostas para “de onde vim”, “quem sou eu”, “por que estou aqui”, “para onde vou” e a pior de todas as suas aflições, a não aceitação da própria finitude.
No budismo isso está parcialmente resolvido com a falácia da reencarnação...
Na medida em que foi sendo levado para outros povos, o budismo usou a língua popular, deixando de lado o Sânscrito, língua oficial do hinduísmo, recebeu as influências dos novos praticantes e adquiriu novos formatos.
O templo Zu Lai, de orientação chinesa, faz parte da Associação Internacional Luz de Buda – (Buddha's Light International Association - BLIA) e foi edificado sobre uma colina no Município de Cotia/SP, e cada parte dele é um memorial.
Cada estátua, cada objeto, cada prédio ou pátio, os caminhos ajardinados, o lago, a ponte, as carpas e as tartarugas cada um por si, e o conjunto é a representação dos conceitos de autoconhecimento e de elevação. Mudas advertências para lembrar ao iniciado que, tudo tem significado e que compete a cada um entendê-los para tornar-se merecedor da iluminação.
Exemplo bem simples disso está no pátio interno do templo. Visto de cima o seu desenho é semelhante aos campos de cultivo do arroz (que é o principal alimento no Sudeste asiático) e cuja mensagem é: Se você não plantar, não colherá e somente colherá aquilo que plantar.
O material do templo e todos os adereços foram trazidos da China.
A estátua principal de Buda, feita de jade, pesa quatro toneladas e meia e o mosteiro é administrado por monjas chinesas.
O conjunto é de uma beleza ímpar. Há o museu, a sala dos ancestrais, a biblioteca, o restaurante, a lanchonete e a lojinha, afinal todos querem uma lembrança física daquele local maravilhoso em todos os sentidos.
É interessante notar que as manifestações “religiosas” que conhecemos, têm raízes nos textos Vedas que reúnem a moral social desses quase dez mil anos que temos e que foram compilados cerca de seis mil anos antes do presente, quando a tradição oral foi transferida para a linguagem escrita e que são a repetição monótona dos mesmos mitos, das mesmas histórias de heróis, das mesmas situações, dos mesmos fatos e dos mesmos acontecimentos na eterna luta do bem contra o mal que são, em verdade, as faces da mesma moeda porque um não viverá se o outro deixar de existir.