E a ficha caiu pesada, nem a temperatura perfeita da serra conseguiu diminuir a tristeza que foi  tomando conta devagarinho, subindo pelas pernas, tomando o tronco até estender seus tentáculos pelo pescoço. Sufocando. Apertando. Desmontando meu mundinho de silencio e recolhimento.
O que fazer quando todos seus exames estão ruins e não há um único hospital decente na cidade que voce escolheu para recuperar a saúde? Tentei por a culpa nos laboratórios e ganhar tempo, adiei alguns meses  por conta do verão na cidade, enrolei o máximo que pude. Por fim cansada e querendo logo dar um ponto final ao drama, juntei o que pude e deixei a  casinha no  meio do mato pra trás. 
           
O tempo em que vivi meu luto por conta das dores, inflamações constantes nas articulações, comorbidades que foram se juntando às doenças cronicas, todo este rolo compressor tinham chegado ao ápice. Eu estava implodindo e precisava de ajuda.  Ainda tinha uma cachorra apaixonada que me obrigava a levantar da cama todos os dias, um companheiro que nunca me deixou desistir e o sonho de rever meu filho que estava morando em outro país.

Então voltei para o Rio de Janeiro e comecei a minha longa batalha pela cura. Estou nesta estrada até hoje mas agora é diferente, minha escrivaninha está cheia de rascunhos e não estou mais calada. As palavras tomam vida e me sinto mais forte, aceitei a dor mas não o sofrimento. E esta descoberta me liberta.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 15/10/2016
Reeditado em 01/02/2017
Código do texto: T5792903
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