ENTRE MURALHAS

Cercada por uma muralha se escondia Cartagena. Escondia? Não mais. Não há mais exploradores, piratas ou conquistadores a lhe roubarem as riquezas e a lhe deixarem arrasada. Agora mantem-se dentro das muralhas a cidade histórica. Colorida, com casario de sacadas floridas. De praças alegres e vibrantes com o som da música e da dança local. Que buscam no visitante o aplauso merecido.

Caribenha. A música e a dança. Mas, o clima também. Quente, matizado, festivo. Recebendo a todos com atenção, simpatia e boa vontade. A cidade pulsa com ânsia pela vida alegre, a ser compartilhada com outros. E as caminhadas, curtas ou longas, testemunham essa vibração, tornando-as agradáveis e prazerosas. E pelas ruelas, onde mal passa um carro, as lojas, pequenas e elegantes, enchem os olhos do passeante. Artesanato, ‘coisitas’ aqui e acolá, para enfeitar-se, enfeitar a casa, enfeitar a vida! Chapéus, bolsas, colares, brincos, anéis... para a cobiça das mulheres e o temor dos homens!

A noite “caliente”, convidativa aos passeios, observa a todos, nativos e visitantes, preenchendo as ruas, as calçadas, as praças, entrando e saindo dos restaurantes e bares. Comida saborosa e música animada, ritmada. A salsa e outros ritmos. Sempre, a música caribenha ressoa pela cidade, na noite estrelada, no dia ensolarado.

Os momentos são desfrutados nas ruas estreitas, circundadas por casas coloridas, “rojas, amarijas, verdes, azul” , todas as cores. Casas avarandadas, adornadas por trepadeiras floridas que contornam as janelas e se espalham pelas paredes. Emolduram as vivendas, tornando graciosos os caminhos que levam os itinerantes às praças ajardinadas, às igrejas, aos monumentos, aos locais que dão à cidade uma característica própria, difícil de ser descrita, todavia fácil de ser entendida ao ser visitada.

Ah! O mar do Caribe! Convidativo! Na Ilha do Rosário o convite é irrecusável. A vegetação nativa com árvores enormes, plantas exóticas e muita formosura natural acolhe as águas verdes transparentes e mornas que acariciam a peles dos banhistas que se deixam embalar pelas ondas suaves que vão derramar-se na pequena faixa de areia.

O almoço sob a sombra das árvores frondosas oferece a todos momentos aprazíeis para saborear quitutes típicos. Todavia, as nuvens escuras se acumulam e a tranquilidade vai sendo substituída por trovões que rebimbam ao longe e os primeiros pingos de chuva começam a cair.

Rapidamente, aprontam-se todos para voltar à Cartagena na lancha que abriu caminho no mar para chegar ao destino de beleza natural. Entretanto, eis que a chuva se adensa, os trovões se fortalecem, o mar se encapela e lá vai a lancha singrando as outroras águas verdes claras do esplendoroso mar caribenho, agora escuro e agitado, muitíssimo agitado!

A chuva cai forte e entra pela lancha que só tem cobertura. A velocidade faz as águas salgadas molharem os passageiros, que encolhidos embaixo das capas protetoras e protegidos pelos coletes salva-vidas, chegam encharcados ao seu destino, porém sãos e salvos. Ninguém duvidou da perícia do piloto, mas que todos rezaram, isso foi verdade. Unidos em preces silenciosas, os aventureiros de uma tarde ensolarada que se transformou em uma tormenta em pleno mar do Caribe, tem uma estória perigosa para contar em casa!

Passeios, caminhadas, visitas aos monumentos históricos preencheram manhãs e tardes. As noites se completaram com jantares regados ao suco de coco com frutas, o “lulo”, à cerveja ‘geladésima’ e ao que fosse escolhido. Até uma água “gasiosa”. Nada mais animado do que a “Chiva Rumbeira” com música, rum e muita algazarra que percorreu as ruas noturnas de Cartagena, acompanhada pelas ‘maracas’, pelo canto desafinado, pelas risadas, pelos instrumentos e ritmo local dos músicos.

Quem dormiu? Todos. Embalados pelo som das ‘maracas’ que ecoava

em suas mentes e também, e talvez muito mais, pelo ‘cuba libre’ que acompanhou o passeio .....

Hora de partir. Filas e filas. De malas, maletas e bolsas! Todos prontos para seguir caminho. Aéreo. E no aeroporto, surpresas. Consertos na pista, tempestade no aeroporto de destino. Resultado? Espera. Sentados nas cadeiras que sobravam, no chão, como dava. Que horas partiremos? O que acontece? O que faremos? Como será? Todos perguntam, buscando entender a espera em um aeroporto pequeno. As lojas, convidativas, atraem a todos a gastarem suas últimas moedas, as Balboas. E gastam.

Mas também conversam, aguardam. Voltam para hotel. Voltam para o aeroporto. E, finalmente, vão-se. Para outro destino. E levam na bagagem a experiência Cartagena. A vivência Cartagena. A convivência entre eles e entre cartagenos. Entretanto, no solo Colombiano deixam as marcas de brasileiros que ali estiveram, apreciando as belezas do país, os costumes de um povo e a receptividade calorosa. Vão-se com a certeza de mais um destino explorado no que havia de melhor.

Tereza Freire
Enviado por Tereza Freire em 15/10/2016
Código do texto: T5792858
Classificação de conteúdo: seguro