Antonio

De repente, o dia ficava mais claro e se fosse noite, parecia até que a lua iluminava mais. Tudo ficava mais branco com a presença dêle, só vendo para acreditar. Assim era o Antonio ou melhor dizendo, Toninho como era conhecido.

Nêle, o que mais contagiava era o sorriso, de um branco tão branco, que chegava a doer a vista. O claro sorrir, contrastava com a cor da sua pele, de um pretume que era de dar gosto. E isso, só servia para dar à sua alegria, a mágica que contagiava e cativava todo mundo.

Além de tudo, era caçador dos bons, daqueles de mão cheia e embornal estufado de bichos e principalmente de mulheres. Igual não havia naquele pequeno lugar. Vivia quase sempre com uma caça nos ombros e muitos amores no peito, porque eram poucas as moças que escapavam daquele sorriso moleque e doce.

E olhem que foram só coisa de vinte e poucos anos nesta terra do bom Deus. Aliás, anos muito bem vividos diga-se de passagem. Foi embora cedo, cedo até demais, por conta justamente da sua ousadia frente à vida.

Ainda lembro que no dia do seu enterro, em meio à dor e angústia de parentes e amigos, por ter-se perdido um tanto da alegria daquelas paragens, podia-se ver pelos cantos do acanhado cemitério, as moças em furtivas lágrimas, com os olhares perdidos além, muito além, como a se perguntarem o que fariam sem a presença daquêle sorriso a lhes preencherem a vida...

Riva
Enviado por Riva em 25/07/2007
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