SENTINELAS URBANAS
Abrindo o portão de casa, no início de mais uma manhã de janeiro, observo um lindo dia de céu claro, ainda sopra uma brisa agradável em decorrência da chuva da noite anterior, tornando um clima bem ameno.
Logo percebo a sua presença, como em todas as manhãs, está sempre ali, infalível em sua postura diária, impávido! De “braços“ abertos, absorvendo o calor do sol brilhante, em seu privilegiado posto de observação, acompanha o movimento da rua em sua rotina diária, normalmente solitário, e às vezes em companhia de outras espécimes.
Indiferente a muitos abrir de portas e janelas, nada lhe incomoda, nem mesmo os cães barulhentos da vizinhança, que insistem em latir próximos aos muros, sempre de olhos atentos ao vai e vem das pessoas, permanece firme em sua vigília com os sentidos aguçados, para não deixar passar a oportunidade da primeira refeição, servida em sacolas postas nas lixeiras, que a contragosto das donas de casas, serão cuidadosamente “inspecionadas” à procura de qualquer restos de alimentos, as sobras do café, que descartadas, se tornarão saborosos petiscos bem cobiçado por ele, alimentos essenciais para a sua sobrevivência. E nesta sina de consumidor de resíduos domésticos, segue a sua vida próximo aos moradores da cidade.
Seguindo o meu trajeto em direção ao trabalho, observo ao longo das ruas e avenidas, que, no alto de alguns postes de iluminação pública, a mesma cena se repete, os Urubus! Aves astutas e desengonçadas, que desprezadas por todos seguem sua missão.
Faxineiras incompreendidas, que estão presentes, sempre alertas em seus territórios, do início da manhã ao anoitecer de cada dia, alheias ao preconceito, devidamente adaptadas ao novo habitat urbano, onde a má acomodação do lixo, e o precário sistema de saneamento contribuem para a sua propagação nas ruas de muitas cidades.