Cotidianamente exausta

Falta exatamente uma hora pra eu bater o cartão e ir rumo às minhas poucas horas de ócio. E vou usa-las dormindo, afinal as duas horas que levo pra alcançar tais horas de ócio terminam de me cansar fechando com chave de ouro o dia improdutivo e me impossibilitando de ser criativa. A propósito, qualquer tentativa de criação que meu cérebro tenta lançar para os dedos é interrompida pelo cansaço, pelas responsabilidades ou pelo meu babaca colega de trabalho, que, ironicamente, acaba de fazer uma de suas piadinhas idiotas cuja graça eu não consigo mais fingir. Aliás, eu não queria usar a palavra "ironicamente", só que me fugiu o termo correto porque eu estava fingindo prestar atenção na conversa do meu colega sobre ele precisar de um colchão novo. A intenção desse texto era ser denso. Era pra jogar um anzol com a força que propaga de uma âncora e tentar pescar essa inspiração latente que não tem mais espaço pra transbordar. Mas as palavras estão escassas. Eu sou burra agora. Tô vivendo o meu "futuro promissor" com vontade de voltar pro passado que, hoje, parece muito mais promissor. Eu não me conheço ou não gosto de ser quem eu sou? Eu não gosto de ser quem eu sou ou não gosto de fingir ser quem eu não sou? Cada dia é um novo personagem e nem sei ha quanto tempo não me vejo nua. Não há tempo pra me despir. E se há tempo, voltemos ao segundo parágrafo desse texto.