Infância Perdida?
Me fizeram crescer, para não caber na minha infância.
Mas minha infância também cresceu comigo.
Jaak Bosmans
Mas minha infância também cresceu comigo.
Jaak Bosmans
Quando voltei a assinar uma TV por assinatura, meu maior interesse eram os eventos esportivos, em especial, o tênis. Por isso, escolhi o pacote mais barato que incluísse todos os canais de esporte e essa opção tem atendido bem.
Dia desses, porém, me vi sem absolutamente nada para assistir. Alguns filmes desinteressantes, uns três jogos meio mornos de futebol, nenhum noticiário. Pensei em colocar num canal de música enquanto preparava o jantar, mas resolvi fazer antes a meia maratona de controle remoto - a maratona completa é para quem tem todos os canais - e acabei me deparando com os infantis que não fazem parte do meu pacote. Estavam abertos em homenagem às crianças, pelo 12 de outubro. Parei num que transmite desenhos antigos, dos meus tempos de menina. Bom rever a Corrida Maluca, Scooby Doo, Os Flintstones ou Os Jetsons. Boas lembranças.
Inevitável, porém, observar que o som e a imagem são péssimos e que eles não têm mais aquela graça de antes. Dei uma zapeada nos outros canais, em outros horários. Ri com o humor nonsense do Bob Esponja, mas, também, deparei-me com produções bizarras com figuras esquisitas como um frango irmão de uma vaca e percebi que estou mesmo velha demais pra isso.
É… Acho que quebrei minha promessa de nunca desembarcar de vez no chato e sério mundo dos crescidos. Até pouco tempo atrás, eu era fã de desenhos animados e revistas em quadrinhos. Nem doces, eu como mais. Mudei os hábitos por contenção de despesas, questão de saúde ou falta de tempo e acabei me desconectando de vez com meu lado pueril.
Ainda assim, não me sinto tão perdidamente madura. Rio muito, brinco, me enterneço, me fascino, e me pego, boba, bafejando nas manhãs geladas só pra ver a fumacinha que sai da boca. Mesmo descrente de muita coisa, não perdi o otimismo, alguma ingenuidade e inocência de décadas atrás e, respiro aliviada por perceber enfim a minha criança interior.
Queria que todos pudessem encontrar-se com suas crianças interiores um dia. Principalmente, tantas crianças pelo País, pelo mundo afora, que nunca, jamais, tiveram uma infância de verdade.
Texto publicado no jornal Alô Brasília de hoje.
Dia desses, porém, me vi sem absolutamente nada para assistir. Alguns filmes desinteressantes, uns três jogos meio mornos de futebol, nenhum noticiário. Pensei em colocar num canal de música enquanto preparava o jantar, mas resolvi fazer antes a meia maratona de controle remoto - a maratona completa é para quem tem todos os canais - e acabei me deparando com os infantis que não fazem parte do meu pacote. Estavam abertos em homenagem às crianças, pelo 12 de outubro. Parei num que transmite desenhos antigos, dos meus tempos de menina. Bom rever a Corrida Maluca, Scooby Doo, Os Flintstones ou Os Jetsons. Boas lembranças.
Inevitável, porém, observar que o som e a imagem são péssimos e que eles não têm mais aquela graça de antes. Dei uma zapeada nos outros canais, em outros horários. Ri com o humor nonsense do Bob Esponja, mas, também, deparei-me com produções bizarras com figuras esquisitas como um frango irmão de uma vaca e percebi que estou mesmo velha demais pra isso.
É… Acho que quebrei minha promessa de nunca desembarcar de vez no chato e sério mundo dos crescidos. Até pouco tempo atrás, eu era fã de desenhos animados e revistas em quadrinhos. Nem doces, eu como mais. Mudei os hábitos por contenção de despesas, questão de saúde ou falta de tempo e acabei me desconectando de vez com meu lado pueril.
Ainda assim, não me sinto tão perdidamente madura. Rio muito, brinco, me enterneço, me fascino, e me pego, boba, bafejando nas manhãs geladas só pra ver a fumacinha que sai da boca. Mesmo descrente de muita coisa, não perdi o otimismo, alguma ingenuidade e inocência de décadas atrás e, respiro aliviada por perceber enfim a minha criança interior.
Queria que todos pudessem encontrar-se com suas crianças interiores um dia. Principalmente, tantas crianças pelo País, pelo mundo afora, que nunca, jamais, tiveram uma infância de verdade.
Texto publicado no jornal Alô Brasília de hoje.