Professor:  profissão!
 
Nas redes virtuais – internet e televisiva – compartilhou-se a posição de um jornalista entrevistado por um canal de TV sobre sua opinião a respeito de qual seria a profissão mais importante.
 
O entrevistado foi enfático: O Professor!
 
Isto massageou o ouvido, o ego, a emoção, o sentimento de todos os profissionais do Magistério, da Educação e das Licenciaturas do processo ensino/aprendizagem – como se estes não soubessem de sua importância e precisassem de outro profissional reconhecê-la ou mesmo por questão de autoestima e desvalorização se sentissem surpreendidos.
A fala do entrevistado caiu na redundância, nos jargões e nos clichês. Pois quem não sabe que todas as demais profissões perpassam pelo ato de ensinar e aprender magistrado e orquestrado pelo professor?!
Ser professor vai além de informar e instruir, porque se fosse só isto há veículos de informação e instrução muito mais eficazes.
Ser professor é ser que interage formando o humano, o cidadão, o outro civilizado – meta que vai além de formar advogados, médicos, engenheiros, pedagogos, jornalistas e demais profissionais.
 
Mas mesmo caindo no lugar comum a posição do entrevistado estaria louvável se não fosse a sua conclusão em dizer que ser professor é ter dom e ter uma missão.
 
Tal colocação massageou as sentimentalidades, não o pensamento, não a mentalidade. Foi mais um discurso florido para “com formar” o estado do professor cuja profissão já foi chamada também e até de sacerdócio.
 
Perguntamos: Temos dom ou temos Competência? Somos missionários ou somos Profissionais?
 
Reafirmo: temos Habilidades e Competência, pois optamos pela carreira do magistério, estudamos para isto, investimos tempo e dinheiro em cursos de formação, em livros e preparação árdua – não foi nenhuma unção divina e nenhum dom dado pela graça de alguma divindade.
 
Quando é que surgiu a ideologia de identificar a profissão do magistério com Missão?
 
Isto surgiu na transição do Feudalismo para o Capitalismo com a “Companhia de Jesus” instituída pelo senhor Inácio de Loyola e seu esquadrão de jesuítas que diziam que tinham a Missão de catequizar os indígenas da América.
Aparentemente a Missão dos Jesuítas era “civilizar” os povos americanos. Na realidade esta “Missão” significou aculturação, exploração, alienação dos aborígenes em favor das potências europeias da época.
 
Os jesuítas eram elementos de “conformação” à exploração da mão de obra indígena que perdeu a sua identidade como nações americanas. Perderam seus idiomas, religiões, organização social e política a favor da cultura europeia  imposta.
 
Em suma, nós do Magistério, das Licenciaturas que habilitam o processo ensino/aprendizagem somos formadores. Não temos dom porque temos Habilidades e Competências para estarmos em nosso ambiente de trabalho. Não somos meros educadores, pois quem educa é toda a sociedade com suas leis e regras. Não somos missionários porque somos profissionais que formam todos demais cidadãos.
Somos profissionais merecedores de salários dignos para vivermos em sociedade e não sobrevivemos de fé.


Formamos a nação e não agentes de exploração que deformam, conformam e justificam alienações políticas.



Leonardo Lisbôa.
Barbacena, outubro de 2014.
   
 
 

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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 14/10/2016
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