A OBSCURIDADE HUMANA.

Entorpecidos pela evidência do que ocorre com a humanidade, desanimados de tentar ver se haverá uma saída, verifica-se que o lado sem maioria de inclinações para a bondade venceu, vai vencendo, nunca é derrotado. Isso é pacífico, visível. Parece que não será nunca alterado.

Quantos estudaram as almas, as patologias, paixões, viram e analisaram padrões das maldades, das torturas, da inconsciência com relação a tudo que possa significar passos na possibilidade de melhorar somente piorar.

Somente piorar incessantemente. Não realizar potencialidades possíveis.

Será mesmo que acontece ? Em nada melhorou?

Quantas leis e regras foram produzidas em todas as épocas, promulgados códigos de todas as ordenações, nas nações, de forma interna com incidência nas soberanias de seus territórios, no mundo desde os primórdios até nossa globalização, inexistentes barreiras nos convencionados tratados internacionais para organizar o quê? Uma permanente e irrefreável falta de sintonia dos costumes que se submetessem ao bem, o praticassem.

Melhoraram ao ponto de circularem os homens em uma razoável paz em todos os sentidos? Em suas pátrias, no mundo?

Não, absolutamente não. Desprezíveis os avanços catalogados no passar o tempo.

Qual a razão de perderem-se tantos em questões, pautas, encontros, ciência de regras para tentarem uma estabilidade dos homens onde um não explore o outro, não usurpe o outro, não humilhe o outro, não martirize o outro, não traga sofrimento e morte para o outro, enfim não retire a dignidade do outro como pessoa e em seus direitos naturais?

Define esse teatro o pêndulo do bem e do mal. E o último vai predominando.

Criaram-se doutrinas, reinos, religiões, conceitos, seitas, partidos políticos, todos voltados para objetivos que acreditavam trazer realizações nessa infindável convulsão dos homens para beneficiar o lado do bem, a balança em seu lado bondoso.

Resolveu?

Parte reduzida tem uma razoável convicção e pratica uma vida sem maiores manchas, uma pequena parte.

Muitos, muitíssimos, santos, gênios, reis, tiranos, filósofos, artistas, seres humanos enfim trabalharam para tanto, melhorar a ação humana. Pouco sucesso obtiveram.

Parece que Nietzsche tinha razão, é lastimável assentir, mas não há como fugir. O anjo e o demônio atravessaram a biografia do homem.

O filósofo tenta desmistificar o bem diante da crua realidade humana. “Severidade, violência, perigo, guerra, são valores tão valiosos como bondade e paz”, e diz a razão que entende justificada: “Ganância, inveja, mesmo ódio são elementos indispensáveis no processo da luta, da seleção, da sobrevivência. O mal está para o bem como as variações para a hereditariedade, como a inovação e a experiência para os costumes; não há desenvolvimento sem uma quase criminosa violação de precedentes e da “ordem”. Se o mal não fosse bem o mal desapareceria.”

É um discurso da realidade posto que outra não foi ainda adotada e desenvolvida integralmente; a do exercício do bem absoluto. Nietzsche nada mais faz do que ser incisivo e realista de forma fundamentalista com o que ocorre. Isto, contudo, não transforma o mal em bem. Serão sempre antagônicos, antônimos um do outro, excludentes.

Mas é a constatação da realidade. Nos resta ficar em nosso canto aceitando e assistindo a tudo, fazendo o possível para sobreviver dentro de princípios cristãos.

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Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 11/10/2016
Reeditado em 12/10/2016
Código do texto: T5788474
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