Escrever é um ato tão solitário quanto o morrer

É preciso estar em estado de graça para que as ideias fluam a contento, caso contrário, elas simplesmente não afloram. Na maioria das vezes escrevo para mim mesmo. Durante esse exercício, sinto que sou um masoquista de primeira linha. O pior de tudo é que não consigo parar de colocar no papel as minhas ideias, assim vou armazenando textos e mais textos em sites da internet. Ficam por lá como se hibernassem – meus bichinhos de estimação! Vez por outra alguém os acordam e diz, gostei. Outros resmungam não gostei. Estas discordâncias são o que me fazem ir adiante, passo a passo.

O que mais me dá trabalho são os títulos dos textos, tenho sérias dificuldades para escolhê-los, creio que sejam de suma importância para o chamamento do leitor. Principalmente aquele que lê um livro na juventude e outro à beira da morte.

A maioria das pessoas não valorizam a leitura como eu gostaria. Preferem outros “caminhos” para o lazer, acho até compreensível. A televisão, por exemplo, oferece programas muito mais atraentes do que um punhado de folhas repletas de palavras. Isto sem levar em conta o preço dos livros que são elevados para o nosso padrão de vida. Estamos vivenciando um momento onde a renda das famílias tende a diminuir com o passar do tempo. Este é mais um dos ingredientes que afugenta o leitor.

Hoje amanheci sonhando que publicaria o meu primeiro livro, aquele que escrevi no pós-adolescência. Mas em seguida me veio a seguinte pergunta: se ninguém comprar os exemplares, o que farei com eles? Eis o meu primeiro embate nu e cru! Bem, eu poderia doá-los para uma biblioteca, mas qual seria a casa de livros que receberia de bom grado uma centena de livros de um único autor? Nenhuma! Além disto, quem arcaria com os custos do transporte desses volumes? Certamente, eu. É triste esta constatação. Este fato ocorre com grandes autores. Pois, nem sempre seus livros são comercializados a contento e, o quê fazem com a sobra? Doam para o governo? Não, doação não! O governo é o principal consumidor. Incineram a raspa? Talvez! Mas destruir o papel seria um desperdício, melhor reciclá-los.

Pode parecer brincadeira de mau gosto, mas os livros que não são vendidos não servem nem para papel higiênico de madame requintada. Aqueles de duas folhas exigem papel bem mais refinado. Afinal de contas bunda não lê, nem conta história!

Meu livro que está no prelo, vai voltar para o escaninho.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 10/10/2016
Reeditado em 02/10/2017
Código do texto: T5787126
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