Viva. Ame. Hoje!
...o peito do bebê recebe o oxigênio, é a primeira vez e um choro irrompe do peito. Todos em volta vibram de alegria, a mãe exausta se comove e se derrama em lágrimas. É muito pra caber em palavras, quaisquer que fossem.
É a vida chegando.
Os dias vão se passando e enquanto o bebê dorme seus pais ainda alisam a sua face e se certificam de que está tudo bem, de que ele está respirando.
Com o tempo confiamos que a vida irá continuar, e descansamos. Relaxamos até.
Nos acomodamos com o existir, parece tão certo o amanhã quando nos deitamos.
Mas a vida continua, continua até um dia sem se explicar nos abandona.
O amor é assim.
No princípio tudo é novo e é tanto, tanto...
Mas o amor também continua, continua até que um dia, assim mesmo sem se explicar, sem se desculpar até... ele se vai.
O tempo não traz nada, essa não é sua sina. Ele tudo leva. E com alguma sorte o tempo que nos leva pra longe, nesse mundo que é um globo pode nos fazer encontrar de novo na volta.
Chegadas e partidas.
O amor um dia acaba.
Dizem no entanto, que se dele cuidarmos, se bem o alimentarmos, se o levarmos ao médico, se pronunciarmos mantras, se o enchermos de mimos, se fizermos transfusão de todo o amor que na veia nos corre, se recorrermos à orações, simpatias...
Eu queria dizer que é possível viver eternamente, que é possível amar por todo o sempre.
Mas, tudo que chega uma hora parte. E parte o coração de quem fica.
Alguns já estudam a possibilidade de através da criogenia congelar a vida pra um pós vir. Mas endurecer o coração, congelá-lo que seja, só antecipa o fim do que agora é.
A vida, li em algum lugar: "Só é preciosa porque acaba".
Em economia aprendemos que é a escassez em linhas gerais que agrega valor.
Como um bem de consumo da moda, todos nós queremos ter esse bem. Nem sempre estamos prontos para recebê-lo e por isso, alguns precipitam a sua destruição.
Não julgamos a Deus (alguns até fazem isso sim) quando à morte vem. Antes valorizamos a vida daquele que foi, valorizamos os seus dias, seus feitos, cultivamos arrependimentos, prezamos à essência e damos imortalidade dentro de nós àqueles que amamos e partiram.
O amor precisa ser respeitado como a vida, ele precisa ter sua eternidade respeitada dentro de nós. O seu fim não pode ser maior do que o que ele foi em seus dias vívidos e cheios de prazeres e alegrias.
Se um dia teve um amor, apenas preserve gratidão.
Se ainda têm um amor, dê-lhe tudo em vida. Ele não vai viver para sempre, assim como você tampouco irá.