POR QUE ESCREVO?

Nem sei como tudo começou. 

Aconteceu na adolescência. Muitas coisas ocorreram pela vez primeira: largar as calças curtas e vestir um blue jeans, a preocupação com a aparência, o primeiro barbear, o porre num lugar inusitado, a tímida declaração de amor, o abraço, o beijo, o encantamento com os verdes anos, do pop e do rock, hippies, Bob Dylan, Woodstock, Beatles? 

Creio, sim, que foi na época, quando elaborei as primeiras poesias, prosas, crônicas e nem sabia, como até hoje não sei, explorar a beleza através das palavras. 

Escrevo por prazer ou terapia, não sei bem, talvez para falar de minhas alegrias e tristezas. 

Voejar pelos infinitos azuis, tentar chegar aos céus e visualizar o paraíso, com seus anjos e deuses em eterna harmonia. 

Quiçá por teimosia desafiando censuras impostas pelos pais, professores "religiosos" e a maldita ditadura militar de 64. 

Não sei bem as razões por que escrevo. 

Num tom irônico de Kafka ou polêmico de Nelson Rodrigues? 

Influência dos grandes mestres? 
Érico Veríssimo, Mário Quintana, Eça de Queirós, Casimiro de Abreu, Clarice Lispector, Ernest M. Emingway ,Alexandre Dumas, Gonçalves Dias, Charles Bukowski e tantos outros? 

Escrevo talvez porque minh'alma irrequieta exige que eu me livre dos grilhões da ignorância e do excessivo apego à matéria. 


Escrevo, pois, para expressar meus sentimentos, desejos, registrar meu grito de liberdade aos ouvidos moucos... extravasar ! 

Por que utópicas palavras podem mudar o destino do Universo e deste grão de areia que sou. 
Para livrar-me da senzala sombria, um antídoto aos anticristos: escrever. 

Sentimental, patético, complexo, galhofeiro, esteta, uma Babel em convulsão, nau sem rumo, objetivo incerto. 

Ante a catarse do divã frio da psicóloga, enveredei pelo suave e encantado caminho das letras. 

Creio que a Arca de Noé II  aportará no Paraíso, num mundo mágico de poesia e paz, onde todas as quimeras tornar-se-ão realidade. 

Além do mais, escrevo porque gosto!