A SOLUÇÃO: Dividir o Brasil...

Já faz muito tempo que trago em meu íntimo essa estranha e herética certeza: dividir e entregar o país é a melhor solução para todos os problemas brasileiros, abrindo mão da nossa soberania. Isso para não dizer que é a única que aparenta ser viável.

Assim, ceder a gestão completa do território nacional (população, recursos naturais, direitos políticos e arcabouço jurídico) para as quatro maiores potências socioeconômicas do planeta é o que garantiria nossa existência no futuro, evitando um caminhão de catástrofes.

A única e fatídica exigência seria o alcance de um resultado igual ou melhor que aquele obtido recentemente por seus governantes, empresários, professores e cientistas. E sem abrir nenhum tipo de exceção.

Não considero a ideia absurda e penso que a princípio as pessoas não gostariam dela (principalmente os políticos e os bandidos) apenas por sentirem muito medo e muita vergonha. Precisando reconhecer miseravelmente que, mesmo depois de tantos anos de Império e de República, nós ainda estamos preguiçosamente "batendo cabeça" sem sucesso e sem rumo.

Claro que uma alternativa seria devolver tudo para os índios, mas acho que isso não adiantaria muita coisa. Eles já não possuem mais capacidade para dar conta do recado. Principalmente depois que suas melhores cabeças foram ceifadas pelos portugueses e espanhóis ("bastardos inglórios") em um dos maiores genocídios da história mundial.

Diante disso, eu imagino que os criativos norte-americanos poderiam ficar com a região Norte, para melhor explorar e também preservar todos os recursos naturais e humanos disponíveis. Começando do zero e fazendo com que o lugar se transforme na "Califórnia dos Trópicos".

Já os determinados alemães receberiam de bandeja a região Sul, com a missão de expandir nossa matriz energética e a obrigação de melhorar a qualidade da nossa cerveja. Tendo seu trabalho imensamente facilitado pelo clima e pela descendência européia da população. Contando com a inteligência, a aparência, a disposição e a disciplina de todos.

Aos venerandos japoneses caberia o controle das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Eles melhorariam a infraestrutura existente e revolucionariam todo nosso agronegócio; fazendo do local um "verdadeiro e digno celeiro do mundo". E no lugar de bala perdida, por favor, Trens Bala.

E por fim, seria concedido para os modernos sul-coreanos o belo e desprezado Nordeste. Certamente eles dariam um jeito na famigerada "indústria da seca" (algo que já poderíamos ter feito) e poderiam construir fábricas, estradas, shoppings, aeroportos, ferrovias e portos decentes. Permitindo que os sertanejos comessem mais carne e peixe e bebessem mais água (potável, claro).

Através dessa inusitada ideia, as quatro grandes reformas que tanto desejamos (política, previdenciária, trabalhista e tributária) aconteceriam de maneira mais rápida e adequada. E certamente com uma margem de erro menor.

Talvez a administração inglesa em Hong Hong e a gestão americana em Porto Rico sirvam de inspiração. Além da grande influência ianque exercida sobre o Japão e a Coréia do Sul há 60 anos atrás. Muito diferente daquilo que os soviéticos fizeram na Alemanha Oriental, em Cuba e na Venezuela. Ou do que os portugueses aprontaram em Angola e Moçambique.

Além disso, sei que o fluxo migratório cresceria em demasia. Mas os imigrantes que chegariam aos trópicos não representariam nenhum grande problema. Ainda mais depois recebermos tanta gente durante tanto tempo. Mesmo que eu e um contingente significativo da população tenhamos nossas preferências em relação a origem de todos eles.

Finalmente, acho que o melhor de tudo isso é que "nós não vamos pagar nada" (como cantava o saudoso Raul Seixas). Bom demais, não é? Um sonho e tanto. Ou seria somente um sofisticado devaneio de quem se encontra deitado eternamente em berço esplêndido?

Caso fosse realizado um plebiscito estou certo que o "sim" ganharia com extrema facilidade. Já que as pessoas estão necessitadas e ansiosas para usufruir daquilo que existe além dessa nossa "pobre caverna" (Platão em estado puro). Apesar de não existir garantia de nada.

Contudo, eu só tenho medo dos estrangeiros não aceitarem "saporra" (sic). Digo, essa tentadora proposta. Nesse caso seria mesmo o fim da linha e o país do futuro estaria acabado. Condenado a morte pela sua doce, sexy e alegre irrelevância cultural e socioeconômica. Uma pena.

Mello Cunha
Enviado por Mello Cunha em 05/10/2016
Reeditado em 06/10/2016
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