Amanhã é segunda

Amanha é segunda, pensou. Enquanto olhava o curso na tela do computador esperando seu texto. Tinha que enviar algo novo a sua editora aquela semana. Mas o quê? Estava totalmente sem inspiração suas idéias repetiam o senso comum. Não adiantava achar que havia algo diferente, mas não havia. Começava a escrever e ali estava à estória de sempre só que em lugares diferentes com outros personagens. Às vezes tinha a impressão que tudo já foi escrito que não há nada mais para ser dito.

Sempre havia outros temas para se explorar. “Mas eu gosto de gente, de escrever sobre pessoas” isso era uma dificuldade para ela, porque pessoas são sempre previsíveis até as imprevisíveis são previsíveis.

Seu trunfo contra isso era sua maneira única de ver o cotidiano. Colocar a emoção o subjetivo das pessoas para fora, tentar dizer o que geralmente as pessoas não dizem só sentem. Porém aquela semana estava especialmente difícil, cansada de tantas coisas iguais, sentindo-se igual a tantas outras pessoas que se sentem do mesmo jeito que ela e por algum mistério ela nunca encontrava nenhuma... Ela riu disso.

Ainda olhando o cursor teve vontade de digita palavrões, talvez ajudasse, mas isto não é seu estilo. A essa altura já começa duvidar dela mesma... Eu sou patética o meu estilo é patético, que grande piada eu sou, uma mentirosa contando historias de gente inventada em um tempo em que o subjetivo não mais interessa. As pessoas querem começo meio e fim! Pensou.

Quando ela era pequena gostava do ficar “rendendo comida” e fazia o mesmo com seu texto ficava rendendo odiava pontos finais! Não, ela não escreveria novelas ela odiava as “cenas dos próximos capítulos”. Na verdade queria mostrar em câmera lenta a emoção do agora para que as pessoas vivessem intensamente e aprendessem a saborear a vida sem pressa.

De novo a tela branca! Finalmente começou a digitar um texto que começava mais ou menos assim: Amanhã é segunda. E o amanhã não tem texto...