Desabafo de um traído

Aqui jaz um abandonado... Imerso em tamanha tristeza. A solidão é causticante neste jardim de aflições. Estou em pleno massacre sob a luz do sol e por vezes sob intensa chuva e ventania, além da esnobe alheia com os lombos fendidos e debilitados sem poder de reação. Chu Ming Silveira é a única testemunha do que digo.

Subitamente me veio à lembrança o quanto nossa relação era estável e amorosa. Ainda posso sentir pela memória seus dedos correndo sobre mim e o tempo em que permanecia sob minha guarida a conversar. Mas você que sempre se deixou levar facilmente por toda sorte de engano, com o tempo foi se fragilizando e aos poucos deixou de considerar a minha prestância e minha permanente presença sempre aberto em lhe receber. Foram aparecendo outros que embora tivessem menor estatura, fizeram brilhar os seus olhos despertando instantaneamente o seu interesse. Sei que o fator - idade e inteligência deles foram decisivos para que você adulterasse celeremente e descaradamente sem se importar com o que iriam dizer deste velho pelas ruas.

Hoje, sinceramente não guardo mágoas nem abrigo o ódio, somente me entristeço, mas aceito a situação por que sei que tudo foi de certa maneira bom para todos. Durante o tempo em que estivemos juntos, foi maravilhoso e intenso. Daqui a pouco estarão me carregando para a morte, então decidi expressar tudo o que sinto antes que seja consumado.

Um grande abraço!

ASS: ORELHÃO PÚBLICO

Anderson Abraão
Enviado por Anderson Abraão em 04/10/2016
Reeditado em 06/10/2016
Código do texto: T5780987
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