Saneamento Básico
Quando era criança existia um tema muito vinculado nos meios de comunicação da época: saneamento básico. Também, nas propostas políticas dos candidatos em campanha esse tal saneamento funcionava como carro-chefe. Até hoje nunca entendi bem o significado dessa palavra, mas, na minha cabeça infantil, ficava imaginando o que seria, claro que tudo remetia a algum tipo de obra, desde grandes canais até fabricação de produtos químicos que ajudariam a limpar o ar. Pelo pouco que aprendi e fui observando com o tempo, não estava tão errado.
Quando vi uma manilha de esgoto pela primeira vez, fiquei encantado. O fascínio não tinha nada a ver com o saneamento básico, e sim, porque aqueles tubos de concreto espalhados numa área desabitada, formavam um labirinto, no qual eu e meus amigos de infância, fantasiamos inúmeras aventuras. Foram fins de tardes maravilhosos que acabaram semanas depois, quando homens da prefeitura começaram a escavar partes das ruas próximas, e embutiram partes do “nosso labirinto” no chão. Não cheguei a ver como ficou a obra no final, pois me mudei um mês depois para outra cidade, que as ruas de terra batida já tinham dado lugar ao asfalto.
Na adolescência algumas coisas já eram claras para mim: o saneamento básico estava ligado a limpeza urbana, que se tratava de direito da população e obrigação do estado. Como as pessoas não tinham referência do modelo ideal de cidade saneada, se contentavam/contentam com o pouco que o estado oferece. Entendi que o saneamento básico tinha a intenção de deixar o ambiente mais saudável; e após muitas mudanças (entendam obras) nos lugares (cidades brasileiras) que frequentei, não enxergava nenhum ambiente tão habitável assim.
Engraçado que minha curiosidade sobre o assunto se deu na fase do desabrochar de minhas ideias, pensamentos inocentes, tão puros não alcançavam a complexidade do tema. Talvez fosse encantado apenas pela palavra “saneamento”, o conceito dela pouco importava, como até hoje não importa para quase ninguém.
Tarcísio Oliveira