A fala, remédio para a alma

Vou contar uma história, que talvez já tenha acontecido com vocês.

Parte primeira

Hoje acordei, e queria estar fora de mim. Querendo estar fora de mim, fui a um psicólogo, onde me disseram que era um lugar onde te ajudam a libertar de si, mostrar que somos apenas um rio constituído de água que segue. Bela frase - pensei, o que me cativou de vontade para ir.

Parte segunda

No caminho, para não me abastar ou desistir, fui ouvindo musica em meu celular usando fones de ouvido.

Essa informação vale de alguma coisa? Não sei, apesar de que meus pensamentos foram abafados. Essa talvez tenha algum valor.

Parte terceira

Na sala da consulta, a psicóloga (o “a” indica que ela era mulher; detalhe obvio que vale ser destacado) mexeu em uns papeis, abriu e fechou umas duas gavetas e então posicionou seu olhar em minha direção e pediu que me sentasse, isso, claro, depois de dizer um boa tarde, não vamos esquecer dos bons modos. Não sei se percebe, mas ela acabou de atuar, mostrando que ela era o que era, coisa que Sartre chama de Náusea.

Seguindo o contexto, ela então começou uma rápida conversa, perguntou pouca coisa, me interrompia sempre que possível, acredito que era para não prolongar demais minhas respostas. Ao termino desse dialogo, escreveu alguma coisa em um papel, fez algumas expressões faciais (Náusea-Sartre, novamente), então me encaminhou a um psiquiatra, sem grandes delongas, simples assim. Ao psiquiatra fui, e lá não mudou muito: atuação, pouco contato visual, uma conversa sem desgaste, curta, logo, cheia de pressa. O diagnóstico saiu em seguida: depressão! Ali então apenas receitas, remédios etc.

Parte quarta

Andando na floresta, ouço os ventos contando histórias, certa vez ouvi uma interessante, sobre a lebre que era conhecida pela pressa, muita pressa. Seus dias eram atarefadíssimos, pois ela queria fazer tudo o quanto possível, e para fazer muito e depressa, aprendeu a simplificar as coisas. Em um de seus dias corridos a lebre se deparou com uma lesma, que fazia tudo sem pressa. A lebre passou pela lesma diversas vezes em um de seus dias, e viu que a lesma demorava em fazer a mesma coisa no qual ela fazia rapidamente várias vezes.

A lebre inconformada pela demora das ações da lesma a questionou da seguinte forma: Como pode estar na mesma ação, sendo que no tempo em que você faz uma vez eu faço várias?

A lesma riu, e disse: Gatuno do tempo? Quer tirar a essência da primazia?

Dedico essa parte a lesma, que sua sabedoria ilumine as lebres que se perderam na simplificação da vida.

Parte quinta

Por que o medo de conversar? Psicólogos deveriam curar a alma com conversas, não tentar dopa-las.

Considerações

Aqui, percebam colegas, foi uma rota, tudo se resume a um farmacêutico. Que história horrenda. Freud nos aconselhava que antes de sermos diagnosticado com depressão, devêssemos ver se não estamos rodeados de idiotas. O problema, meus colegas, é saber quem são os idiotas!