VOTO IMPRESSO (republicando)
Vejo muitos contra o voto impresso, inclusive o ministro Dias Toffoli ( quem é ele, quem é ele? eu vejo tudo enquadrado!) considera isso um retrocesso no processo eleitoral... Entretanto, se me permitem, vou dissertar sobre outra maneira de ver a questão, já que fraude, em quaisquer dos processos trabalhados isoladamente, é possível, por isto existe a dúvida e desconfiança por parte de muitos, para não dizer da maioria. Parece que as urnas eletrônicas usadas no Brasil estão defasadas em relação a outros países, sendo considerada ainda de primeira geração, enquanto lá fora já estão utilizando terceira e quarta gerações.
Existe a interpretação errônea de que o voto impresso será como se fosse um recibo que o eleitor recebe com o nome dos candidatos em que votou. É claro que isso é errado e o eleitor já recebe um "tiquete" que é o suficiente como comprovação de comparecimento. Mostrar em quem votou só vai fortalecer a venda de votos, pois é apresentar o comprovante e ganhar a "dentadura". Quem supõem que é isso, está completamente enganado e seria um procedimento não só inócuo como totalmente inadequado.
Não sou especialista no assunto e não trabalho nesta área, mas vou externar como vejo uma possibilidade de fazer um cruzamento sadio entre os dois processos e ao mesmo tempo dar maior confiabilidade ao sistema, de maneira bastante simples.
É o seguinte: voto na urna eletrônica que possibilita uma apuração mais rápida (nem sei pra que a pressa!); sai uma comprovação impressa com código de barras e nome dos meus candidatos. Confiro se os nomes estão certos e passo o bilhete impresso numa leitora que lê e "engole" o papel. Estes procedimentos serão obrigatórios e eletronicamente controlados e o eleitor não poderá burlar sob pena de dar "sinal vermelho" e o voto (tanto eletrônico quanto impresso) ser anulado. Moral do esquema: ao mesmo tempo que o voto eletrônico for contabilizado, o código de barras também o será, mas em centrais diferentes, sendo uma no STE e outra em uma auditoria externa tipo Universidade Federal ou outra abalizada. Os votos impressos ficarão para o caso de não haver empate nos dois escrutínios eletrônicos e/ou para arquivamento. Como a contagem é estanque, isto é, apuração por seção, fica fácil conferir as cédulas impressas só das seções em que não houver o cotejamento correto dos votos pelos dois circuitos das apurações eletrônicas. Acredito que um sistema destes agregaria lisura em todo o processo e a confiabilidade seria total.
O principal é ter boa vontade para implantar um sistema correto e colocar gente capaz para fazer isto.
Repassando a ideia, para ficar bem claro: o eleitor, na cabine, digita os números dos candidatos e dando OK recebe um comprovante com os nomes deles por escrito e um código de barras. Passa este comprovante numa leitora, que confirma o nome dos candidatos, ato contínuo "engole" o papel com estes nomes e com o código. Se o nome que estiver impresso não corresponder ao que o eleitor votou, o que, em princípio deverá ser "impossível", a operação será abortada junto aos mesários com direito a uma nova votação correta. Lembrando que até aí nada foi ainda computado. Se o voto na cédula estiver correto, então, ao passar na leitora, o voto da urna eletrônica será computado em uma central, enquanto que o voto da leitora será computado em outra central. Se na apuração os totais das duas centrais não coincidirem, restará a conferência da urna com os votos impressos. A ideia é que não precise dessa conferência, e se precisar será só da seção onde ocorreu o caso e de maneira bastante transparente. Esta proposta é para um sistema que não dê abertura nenhuma à falhas, e menos ainda à fraudes... Que seja colocado em mãos competentes.
Mesmo assim, concluo com a minha opinião de que o voto não deveria ser obrigatório.
Armand de Saint Igarapery (textos acessíveis no Face e no Recanto das Letras)