ABAIXO AS HORAS EXTRAS FORÇADAS (Isso não entrou na reforma do Ensino Médio. )
Nesta minha profissão, entra semana e sai semana, e a rotina me consome depressa, ainda ouso chamá-la missão, sacerdócio ou educação. E meus chefes, que me cobram serviço, coerentes ou não com o objetivo geral, chamam-me de colega! Já estive melhor em outras reflexões, porém nesta, estou cansado demais para pensar, andando à caranguejo, olhando para trás e achando tudo normal. Inclusive explico por que esta semana foi mais cansativa. Imagina ir dormir às três da madrugada, em dois dias úteis, digitando notas de aluno como uma obrigação do trabalho na escola, não bastava ser uma nota bimestral, mas teria de registrar as quatros colunas para o aplicativo fazer a média aritmética. Experiência insana, se o uso da produção não é urgente, ainda não chegou o quarto bimestre. Mas, minha colega que é coordenadora de muitos anos cobra-me o fechamento em uma data rígida sob ameaça de me relatar ao diretor, e a cobrança é sem escrúpulo à vista de todos: "você ainda não lançou as notas!" E os outros colegas ficam felizes por não ser assim com eles: foram pontuais, anteciparam suas insônias. Porém, podia ser com qualquer um, se estivessem em meu lugar, que preciso trabalhar em duas escolas.
Preencher diário de classe com várias colunas de nota para justificar um bom trabalho, é trabalho não criativo, diga-se de passagem atrofia-nos! Por isso me chamam de preguiçoso! Não priorizo, ainda porque o final do ano está longe. Mesmo assim, estou sem nenhuma condição de estabelecer conversa que fortaleça algum dos laços respeitáveis, podendo apenas aumentar as diferenças, este é meu aperfeiçoamento: retração que se parece com resiliência. Ouvir o outro neste momento não será um aprendizado, estou incapaz de compreender as expectativas do contexto, tomado por raiva. Assim, se faz um homem na linha de montagem.
A outra parte é boa: o preparo das aulas. Eu aprendo muito, refresco minha memória e treino minhas habilidades. Apenas reclamo de ter aulas bem preparadas e mal conduzidas, pois dependo do público alvo, não selecionado por mim. E eu também não fui selecionado por ele. Isso não entrou na reforma do Ensino Médio. O que diria Arthur Schopenhauer sobre receptividade dos doutores lecionando em salas de aulas do Ensino Fundamental e Médio do atual sistema educacional? Baseando-me em sua frase: "Uma pessoa de raros dons intelectuais, obrigada a fazer um trabalho apenas útil, é como um jarro valioso, com as mais lindas pinturas, usado como pote de cozinha." Eu diria que falta motivação para a boa formação continuada.