Devemos ser livres

Devemos ser livres... como um direito ou obrigação?

‘Devemos’ como ideal ou ‘devemos’ como dever?

O livre arbítrio da obrigação da escolha.

De novo, no ônibus. Tantas paradas, tantas pessoas. Tantos embarques, tanta gente em pé. Tantas curvas, tanto equilíbrio. Tantas descidas, tantas freadas, tantos quebra-molas, tantas gentes. Gente: livre para escolher. Cada um descendo em um ponto diferente. Cada um com um objetivo, um ponto diferente. Uns com objetivo mais à frente. Outros, perdem o ponto; deixam passar. Alguns dormem e não percebem que passou. Outros não sabem ao certo onde descer. Prestando atenção ao lugar em que se encontram, tentando identificar alguma familiaridade... algo que indique se está perto do seu ponto, se sua hora está próxima, se já vão chegar onde precisam ou querem. Pessoas... aparentemente livres, obrigadas a descer em algum ponto. Se não descerem, vão direto para a garagem. Se não escolher nenhum ponto, então está escolhendo não escolher nenhum ponto. Consequentemente, vai parar na garagem, por escolha própria. Ou seja, é melhor descer nem que seja no último ponto do que nunca ter saído do ônibus. Eu, dentro do ônibus, observando aqueles seres livres para escolher, esperando a hora da sua descida, quando chegassem ao seu ponto. Pois o ponto não vem até nós, mas nós que vamos a ele. Pessoas que se sentem livres para descer, mas que são obrigadas a descer. Por mais que digam que é de livre escolha delas, na verdade são obrigadas a descer. Por algum motivo. E esse motivo está na mente delas. Pois se embarcamos no ônibus é porque queremos chegar a algum ponto. Não pegamos a condução para não sermos conduzidos ao nosso objetivo. Só viajamos porque temos um destino. O corpo é livre para fazer o que tiver vontade, mas quem controla ele é a mente. E a mente está presa a um motivo. Deve cumprir o roteiro. Será que pensamos ser livres, como pessoas dentro de um ônibus, obrigadas a descer em um ponto específico, dentro do que chamamos de exercício da liberdade, quando na verdade estamos presos? Será que somos livres quando acreditamos nessa tal de liberdade de escolha? Qual o ponto da nossa mente? Somos livres para escolher na mesma medida em que somos livres para obedecer... a nós mesmos.

Ka Y
Enviado por Ka Y em 30/09/2016
Reeditado em 30/09/2016
Código do texto: T5777829
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