HUMANITUDE

 Tenho alguma dificuldade com a tessitura de um pensamento, fico muito preocupada querendo agradar a todos. Esta necessidade que os mortais sentem, em querer ver um sorriso de satisfação no rosto do outro, de vê-lo  feliz, me faz bem. É, de fato, a minha realização. Esta é a minha vontade e o que pretendo fazer, sempre. Sei que é difícil, o próprio ato de expor é dialético, diferentemente da unidade que há no silêncio. Por tal razão eu exponho as minhas ideias buscando a unicidade harmoniosa do todo.
 Rousseau não dizia que um gato, morreria de fome ao lado de um prato de cereais? É verdade, pois, o gato jamais se arriscaria mudar a sua natureza de gato. Gato não come cereais. Ele exerce toda a sua ‘gatitude’ embora possa custar-lhe a vida. Então? Eu que sofro de ‘humanitude’, também tenho, por natureza, este principio de fazer o certo e dele não quero abrir mão. Pois como diz Shakespeare, no belíssimo texto poético, “O Menestrel” Você entende, depois de algum tempo você entende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão ou acorrentar uma alma... Eu aprendi, eu descobri que quem trabalha, busca ser útil, arrisca-se, constrói passagem em vez de cercas, trilhas em vez de muros, liberdade em vez de prisão tem a felicidade, na medida em que percebe-se um ser livre, caminhante, útil e sem artificialidades.
 Não quero a felicidade que Schopenhauer dá à ovelha em Parerga e Paralipomena, quando a ovelha fica feliz ao perceber, que a outra ovelha ao seu lado foi escolhida pelo lobo. Não sou a Madre Teresa de Calcutá, mas não me vejo vibrante e desejante, frustrando os sonhos do outro, ou comparando minha vida feliz, com a vida infeliz do meu próximo.
 Devemos deixar o mundo nos afetar, porque este mundo que nos perturba e cobra é o mundo que nos impulsiona e que faz nossas habilidades aflorarem. Não queremos perder pontos para a vida e sim acumulá-los ao longo da nossa trajetória existencial.
 Precisamos continuar lutando, em busca do nosso espaço, é isso mesmo, todos têm um lugar. Somente é necessário que sejamos capazes de encontra-lo, sigamos buscando, ou então receberemos o carimbo de ‘desprovido de competência’, da vida e aí talvez seja tarde demais.
30.09.2016
 
Educadora Cris Souza
Enviado por Educadora Cris Souza em 30/09/2016
Reeditado em 30/09/2016
Código do texto: T5777065
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