QUE ABISMO É ESTE?

Informações novas e antigas são matérias dos dias atuais. Notícias que nos acordam e nos deixam mergulhados em perplexidades. Diante de uma delas, que me deixou estarrecida, perguntei a uma amiga que me respondesse qual abismo seria este em que somos atirados diariamente e pergunto a você, meu leitor. Que abismo é este?

Afirmo, pelas palavras de Clarice Lispector, que em minha fragilidade tenho esperança, ao que me responde outra amiga, dizendo que ela também tem “esperança de que o amor vença toda a maldade do mundo”.

Então, me vem à mente a vida de São Lucas, no livro Médico de Homens e de almas, história que mostra a luta de um homem preocupado com o sofrimento alheio, a mesma peregrinação de todos nós que pensamos no bem do semelhante, em meio à “angústia da dúvida e do cinismo, da rebelião e da desesperança,” até que se chegue à compreensão de Deus.

Nós estamos revivendo tempos de maldade e desatenção ao que se passa à nossa volta. Pessoas são humilhadas e massacradas perto de nós e o máximo que fazemos é balançar negativamente a cabeça. Penso que perdemos a capacidade da indignação.

Pipocam assassinatos nos quatro cantos do mundo. Violências de todos os tipos são cometidas contra o semelhante. Isto nos põe temerosos, preocupados e entristecidos. Surge a inevitável pergunta: qual o motivo do descalabro? O homem tem emitido e vivenciado falso conceito do que é a vida. A incapacidade humana desmantela, decompõe e reduz a escombros o que poderia haver de belo no mundo. Vemos o bem ser canalizado para baixo, quando deveria ir para cima. Portanto, o bem torna-se caricatura do que deveria ser.

“Pedí, então vos será dado”, conforme estas conhecidas palavras, não devemos negligenciar, pois são indicadoras do caminho. Peçamos e façamos jus à boa resposta. Apenas cismar a nada leva. É este o momento da “mão na massa”, de intuirmos sobre quais devem ser nossas atitudes e não permitirmos que continuem acontecendo tantos crimes contra a humanidade. Afinal, onde está a tão falada evolução?

Todos somos capazes de lutarmos contra o mal. Por que não o fazemos? Não, apressados, não é isto um lamento de pura demagogia. É um questionamento, para o qual quero respostas e indicação do caminho a seguir. Faltam Preces? Façamos, então! Falta respeito para com o outro? Mudemos nosso comportamento!

Volto à passagem de Lucano, em Médico de Homens e de Almas, quando um anjo mostrou a Jesus a inutilidade do mundo. “Então, Jesus também abaixou-se, levantou alguma terra em Suas Mãos, e segurou-a ternamente, esfregando-a entre Seus dedos. [...] era terra seca e sem verdura... mas subitamente floresceu num ramalhete de espessas folhas verdes de onde surgiram minúsculos lírios, que se curvavam”. [...] Lucano subiu os degraus com Maria, dizendo que tinha que deixá-la naquele momento, pois tinha muito que fazer.

Estamos hoje em outros tempos, porém, tal qual Lucano, temos muito que fazer, para que o mundo não se mostre, em breve, ainda mais desolado.

Dalva Molina Mansano

1609

29.09.2016

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 29/09/2016
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