Quebra-cabeça

A ponto de mofar em cima de um velho guarda-roupa, por um estalo na mente é que foi lembrado. Depois de muitos anos, é claro.
Um jogo de quebra-cabeça. Três quebra-cabeças de cem peças cada, totalizando trezentas peças.
Dois já estavam montados. O terceiro era um amontoado de peças, uma imagem totalmente disforme, desconexa, uma paisagem quebrada em cem partes, cem pedaços, cada um jogado para um lado.
Foi preciso paciência. Calma. E olha que o quebra-cabeça não era tão grande assim. Há quebra-cabeças muito maiores, com muitas mais peças, e quanto mais peças, maior é a dificuldade para montá-los.
Há momentos em que se quer colocar uma peça no lugar errado. Parece que vai encaixar, mas não encaixa. Precisa ser a peça certa.
Quem não se lembra também do jogo de pega-varetas? Da paciência, calma e habilidade para pescar aqueles palitinhos coloridos e finos sem que um esbarrasse no outro? Da vontade de pescar a vareta de cor preta (que salvo engano era apenas uma) para conseguir o maior número de pontos?
Com certeza estas brincadeiras de antigamente nutriam as crianças e os jovens de habilidades que vem se perdendo com o tempo: a habilidade de se juntar as peças. De “pescar” na vida aquilo que realmente é importante, aquilo que tem valor.
A vida é um gigante quebra-cabeça. Um amontoado de varetas, de palitinhos a serem “pescados”. Algumas vidas com mais peças e varetas, outras com menos.
Mas a regra do jogo é e sempre será a mesma. Independente do número de peças. Independente do número de varetas.



 
Allves
Enviado por Allves em 28/09/2016
Reeditado em 05/02/2020
Código do texto: T5775258
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