SOBRE FILMES E MACHÕES

Cheguei a uma fase da vida em que tô cagando e andando pro que pensam de mim. Já me chamaram de veado e outras coisinhas mais por que tenho um jeito aparentemente mais delicado. Teve uma época que isso me incomodava uma barbaridade, hoje parei de me estressar. Não preciso roncar grosso, cuspir no chão e coçar o saco pra mostrar que sou homem. Entre quatro paredes, adoro mulher e sei razoavelmente o que fazer com uma. Aqui fora, não preciso alardear todas as que comi, até por que isso só interessa a mim e a pessoa envolvida. Sem falar que a maioria dos que se gabam de pegar todas, só pegam friagem e olhe lá...

Por essas e por outras, admito que gostei do filme “Como Eu Era Antes de Você.” Não chorei feito um cachorrinho desmamado, mas gostei. O filme tem alguns clichês, é verdade: a mocinha é um doce, mas não é ingênua; e o galã, mesmo tendo sofrido um acidente gravíssimo e com seqüelas irreversíveis, tem a estampa e o físico de um garoto propaganda de perfume masculino. E (bingo!), também é um sujeito amargo e irascível, por conta de sua condição, mas a graça e a perseverança da mocinha fazem com que ele redescubra um pouco da alegria de viver. Ainda assim, a história é conduzida de forma leve e bem humorada. E, mesmo nos momentos mais pesados, não escorrega para o melodrama, nem apela para o chororô meloso, como em outros filmes do gênero (tipo “A Culpa é das Estrelas”, que eu achei um porre). Inda não li o livro, por que tenho certa implicância com Best Sellers. Mas o filme me surpreendeu.

Não me sinto obrigado a gostar de filme de pancadaria só por que a maioria dos homens gosta. Também não acho que sou afeminado só por que apreciei o filme citado acima. Muito pelo contrário: se calhar de eu assistir um filme assim na companhia de uma dama, ela vai saber que pode contar com meu ombro para amparar suas lágrimas de emoção, sem que eu tire sarro da cara dela por que está chorando.